Usucapião: Quais são os requisitos, as modalidades e procedimentos?

18 dez, 2024
Um advogado escrevendo uma ação de usucapião, ao lado, um martelo da justiça, uma miniatura de uma casa e a balança representando a justiça.

A usucapião é um instrumento jurídico que permite a aquisição da propriedade de um bem móvel ou imóvel pela posse prolongada, desde que preenchidos os requisitos legais. 

Trata-se de uma forma de regularização fundiária e de reconhecimento de direitos em situações onde não há título de propriedade formal.

Neste artigo, abordaremos os requisitos, as modalidades e procedimentos relacionados ao usucapião, com informações detalhadas para advogados que atuam nessa área. Acompanhe!

O que é usucapião?

A usucapião é uma maneira de adquirir a propriedade ou outros direitos reais sobre um bem por meio da posse contínua, pacífica e ininterrupta por determinado período, desde que o possuidor atenda às exigências legais.

Além disso, a usucapião encontra seu fundamento jurídico no princípio da função social da propriedade, no artigo 5º, inciso XXIII, da Constituição Federal, e regulamentado pelos artigos 1.238 a 1.244 do Código Civil, bem como por legislações específicas.

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É do usucapião ou da usucapião?

No Código Civil, a expressão correta utilizada é “da usucapião”, conforme o título do Capítulo III, Seção I, Da Aquisição da Propriedade Móvel, onde consta a referência: “Da Usucapião”

Isso segue o padrão gramatical e legislativo do texto.

Como funciona a usucapião?

Para que a usucapião seja concedida, é necessário que o interessado demonstre o cumprimento de requisitos legais, que variam conforme a modalidade. 

Em linhas gerais, o processo segue os seguintes passos:

  • Identificação do bem: deve ser comprovado que o possuidor utiliza o bem de forma pública, contínua, pacífica e ininterrupta por determinado período.
  • Atendimento aos requisitos legais: o interessado deve reunir documentos que demonstrem o tempo de posse exigido pela lei, além de atender a outros critérios, como boa-fé e justo título em alguns casos.
  • Ação judicial ou processo administrativo: a usucapião pode ser solicitadao por meio de um processo judicial ou por via extrajudicial em cartório, desde que não haja oposição de terceiros.

Usucapião Extrajudicial: Como funciona e quais são os requisitos?

Quais são os requisitos para usucapião?

Para que a usucapião seja concedida, é necessário cumprir os seguintes requisitos básicos:

  • Posse contínua e ininterrupta: o possuidor deve exercer a posse de forma ininterrupta, sem abandoná-la durante o período legal.
  • Posse pacífica: a posse deve ser exercida sem oposição, ou seja, sem contestação do proprietário original ou de terceiros.
  • Posse de boa-fé ou justo título (em alguns casos): nem todas as modalidades exigem boa-fé ou título que comprove o direito de posse, mas essas condições podem facilitar o reconhecimento.
  • Tempo mínimo de posse: varia conforme a modalidade de usucapião, podendo ir de 2 a 15 anos.
  • Função social da propriedade: o uso deve atender a uma função social, como moradia ou produção econômica.

Quais são as modalidades de usucapião?

Existem diversas modalidades de usucapião, reguladas por diferentes legislações. Cada uma atende a contextos específicos, como demonstrado a seguir:

Usucapião Ordinário: 

  • Requisitos: 10 anos de posse contínua, pacífica, com justo título e boa-fé. 
  • Fundamentação Legal: Art. 1.242 do Código Civil.

Usucapião Extraordinária:

  • Requisitos: 15 anos de posse contínua, sem necessidade de justo título ou boa-fé.
  • Fundamentação Legal: Art. 1.238 do Código Civil.

Usucapião Especial Urbano:

  • Requisitos: 5 anos de posse de imóvel urbano com até 250 m², destinado à moradia própria, sem outro imóvel em nome do possuidor.
  • Fundamentação Legal: Art. 1.240 do Código Civil e Art. 183 da Constituição Federal.

Usucapião Especial Rural:

  • Requisitos: 5 anos de posse contínua de imóvel rural com até 50 hectares, utilizado para moradia e produção.
  • Fundamentação Legal: Art. 1.239 do Código Civil.

Usucapião Coletiva:

  • Requisitos: 5 anos de posse contínua em área urbana em que a fração por possuidor seja inferior a 250 m², ocupada por pessoas sem condições de identificar individualmente seus lotes e que não possuam outro imóvel.
  • Fundamentação Legal: Art. 10 do Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001).

Usucapião por Abandono do Lar:

  • Requisitos: Separação de fato ou abandono do lar por mais de 2 anos.
  • Fundamentação Legal: Art. 1.240-A do Código Civil.
Um advogado escrevendo uma ação de usucapião, ao lado, um martelo da justiça, uma miniatura de uma casa.

Quanto custa fazer usucapião?

Abaixo, detalhamos os principais custos envolvidos:

Custas processuais: são os valores pagos ao poder judiciário para o andamento do processo. Incluem taxas de petição, distribuição e outras exigidas pelo tribunal.

Taxas de registro: para formalizar a usucapião no cartório de registro de imóveis, após a decisão judicial, é necessário pagar o valor referente ao registro da sentença.

Despesas com perícias: em alguns casos, será necessária a realização de perícia técnica para comprovar os requisitos da usucapião, como tempo de posse e a natureza da propriedade. O custo da perícia pode variar dependendo da complexidade e da região.

Documentos adicionais: a coleta de documentos como certidões e registros históricos pode gerar custos extras.

Qual é o prazo necessário para a aquisição por usucapião?

Os prazos variam conforme a modalidade de usucapião:

  • Usucapião Especial Urbano e Rural: 5 anos.
  • Usucapião Ordinário: 10 anos (ou 5 anos com moradia, ou investimentos significativos).
  • Usucapião Extraordinário: 15 anos (ou 10 anos com residência, ou melhorias no imóvel).

É necessário ajuizar uma ação para reconhecimento de usucapião?

Não. O usucapião pode ser requerido pela via extrajudicial no cartório de registro de imóveis, desde que não haja oposição de terceiros. 

Caso contrário, é necessária a via judicial.

O que impede a usucapião?

  • Imóveis públicos: não podem ser adquiridos por usucapião.
  • Posse violenta, clandestina ou precária: não atende aos requisitos de posse pacífica.
  • Interrupção da posse: perda de continuidade do tempo de posse exigido.

Usucapião interrompe dívidas anteriores do imóvel?

Não. A usucapião não apaga dívidas relacionadas ao imóvel, como IPTU ou taxas de condomínio. No entanto, o possuidor não pode ser responsabilizado por débitos anteriores ao início de sua posse.

A usucapião pode ser reconhecida mesmo que o imóvel não esteja registrado em cartório?

Sim. A ausência de registro não impede a usucapião, desde que o possuidor comprove a posse e atenda aos requisitos legais.

Dicas para advogados na prática da usucapião

  • Documentação completa: reúna comprovantes de posse, contas pagas e testemunhas para fortalecer o pedido.
  • Consulta prévia ao Cartório: verifique irregularidades no registro do imóvel antes de iniciar o procedimento.
  • Negociação prévia: tente resolver os conflitos de forma amigável para optar pela via extrajudicial.
  • Elaboração de petições bem fundamentadas: utilize jurisprudências e doutrinas relevantes.
  • Atenção a modalidades específicas: avalie qual modalidade se aplica melhor ao caso do cliente, considerando o prazo e as condições exigidas.
  • Utilize tecnologia: ferramentas como a Jurídico AI, inteligencia artificial para advogados, pode auxiliar na criação de petições e gestão de documentos jurídicos.

A importância da usucapião na garantia de direitos de propriedade e regularização fundiária

A usucapião é um instrumento jurídico essencial para a regularização fundiária e para o reconhecimento de direitos sobre bens, especialmente em situações onde não há título formal de propriedade

Compreender os requisitos, modalidades e procedimentos relacionados a essa forma de aquisição de propriedade é fundamental para que os advogados possam orientar seus clientes de maneira eficaz e assertiva. 

Além disso, a escolha da modalidade adequada e o cumprimento dos requisitos legais são determinantes para o sucesso do processo. 

O uso de tecnologias e a negociação amigável podem contribuir para uma maior agilidade, promovendo a resolução de conflitos de forma mais célere.

Confira nosso artigo sobre Penhora de bens [Art. 835 do CPC]: Como funciona?

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Sobre o autor

Micaela Sanches

Micaela Sanches

Bacharel em Direito, com especializações em Comunicação e Jornalismo, além de Direito Ambiental e Direito Administrativo. Graduanda em Publicidade e Propaganda, uma das minhas paixões. Amo escrever e aprender sobre diversos assuntos.

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