Lei de Falência e Recuperação Judicial [Lei nº 14.112/2020]: Quais foram as alterações?

17 jan, 2025
A imagem retrata uma mesa de reunião com documentos jurídicos, notebook e um martelo judicial no centro, enquanto mãos de profissionais, em trajes formais, fazem anotações e discutem questões legais sobre a Lei de Falência e Recuperação Judicial.

A Lei nº 14.112/2020 trouxe importantes mudanças à legislação brasileira sobre falência e recuperação judicial, visando modernizar os processos e oferecer maior segurança jurídica para todas as partes envolvidas. 

Se você é advogado atuante nesta área ou tem interesse em compreender as novas dinâmicas do sistema, este artigo irá explorar as principais alterações. 

Continue lendo para entender como essas modificações afetam a recuperação de empresas e como você pode aplicar essas mudanças na sua prática profissional. Confira!

O que é a Lei de Falência e Recuperação Judicial [Lei nº 14.112/2020]?

A nova Lei de Falência e Recuperação Judicial (Lei nº 14.112/2020) alterou as Leis n° 11.101/2005, 10.522/2002 e 8.929/1994 e teve como objetivo promover um equilíbrio entre os interesses dos credores e dos devedores, assegurando a continuidade das empresas que demonstram viabilidade econômica. 

Seu objetivo principal é possibilitar a recuperação financeira dessas empresas, garantindo o cumprimento dos direitos dos credores e buscando, sempre que possível, preservar a atividade empresarial e os postos de trabalho

A lei estabelece mecanismos claros para a reestruturação das dívidas e a reorganização das empresas, incentivando a superação das dificuldades financeiras e a preservação do patrimônio e da economia.

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Principais alterações da Lei de Falência e Recuperação Judicial [Lei nº 14.112/2020]

Possibilidade de financiamento na recuperação judicial

A introdução do “DIP Financing” (Debtor-in-Possession) permite que empresas em recuperação judicial obtenham financiamento com garantia prioritária

Os credores que financiam essas empresas passam a ter preferência no recebimento dos valores, mesmo sobre garantias já existentes. 

Essa medida estimula a injeção de recursos para manter a operação da empresa durante o processo.

Base legal: Artigo 69-A da Lei 14.112/20.

Uso da mediação e conciliação

A legislação agora incentiva o uso de métodos alternativos de solução de conflitos, como mediação e conciliação, antes e durante o processo de recuperação judicial e falência. 

Esses mecanismos reduzem custos processuais e agilizam a resolução de disputas.

Base legal: Artigo 20-B da Lei n.º 14.112/20.

Ampliação da recuperação extrajudicial

A reforma facilitou o uso da recuperação extrajudicial, permitindo que acordos sejam firmados com apenas parte dos credores

Essa alteração reduz a necessidade de intervenção judicial e acelera o processo de reestruturação financeira das empresas.

Base legal: Artigo 163 da Lei nº 14.112/20.

Reestruturação de dívidas tributárias

Um dos principais pontos da nova lei é a possibilidade de parcelar dívidas tributárias federais em até 120 meses. 

Além disso, empresas podem utilizar prejuízos fiscais acumulados para quitar esses débitos, flexibilizando o impacto tributário durante a recuperação.

Base legal: Artigos 10-A e 10-B da Lei n.º 10.522/2002, incorporados pela Lei n.º 14.112/2020.

Venda de ativos livre de ônus

A nova legislação assegura que a venda de ativos de empresas em recuperação judicial ou falência ocorra sem a transferência de dívidas trabalhistas e tributárias para o comprador

Essa medida aumenta a segurança jurídica e atrai investidores.

Base legal: Artigos 60 e 66 da Lei n.º 14.112/20.

Insolvência transnacional

A Lei 14.112/20 incorporou regras específicas sobre insolvência transnacional, permitindo maior cooperação entre jurisdições nacionais e estrangeiras

Essa medida é especialmente relevante para empresas que operam globalmente.

Base legal: Artigos 167-A a 167-O da Lei n.º 14.112/20

A imagem apresenta a estátua da deusa da Justiça sobre uma mesa de madeira, com livros jurídicos ao fundo e um martelo judicial desfocado, simbolizando o ambiente de aplicação e estudo das leis.

Dicas para advogados na prática da Lei de Falência e Recuperação Judicial

A área de falência e recuperação judicial exige conhecimento aprofundado e uma abordagem estratégica para atender às necessidades dos clientes. 

Veja a seguir algumas dicas para advogados que desejam aprimorar sua prática nesse campo, considerando as recentes modificações legislativas e ferramentas disponíveis.

Estude as mudanças legislativas

Com a entrada em vigor da Lei nº 14.112/2020 (nova Lei de Falências e Recuperação Judicial) , surgiram novos mecanismos e regras importantes. 

Compreender profundamente essas modificações é essencial para oferecer um serviço de qualidade.

Aposte em estratégias preventivas

Uma atuação preventiva pode evitar que os clientes cheguem à situação de insolvência. Algumas ações importantes incluem:

  • Orientar sobre boas práticas de gestão financeira e controle de fluxo de caixa;
  • Identificar riscos e sugerir soluções, como renegociação de dívidas;
  • Promover a elaboração de um plano de contingência em caso de dificuldades financeiras.

Ao antecipar problemas e propor soluções, é possível reduzir as chances de falência e preparar o cliente para um eventual processo de recuperação judicial.

Use a tecnologia a seu favor

Ferramentas tecnológicas são grandes aliadas no trabalho jurídico. Plataformas como Jurídico AI, inteligência artificial para advogados e outros softwares especializados podem:

  • Automatizar a elaboração de petições e relatórios;
  • Auxiliar na gestão de prazos processuais;
  • Organizar e armazenar documentos relacionados ao processo;
  • Oferecer insights baseados em análise de dados para melhorar as estratégias.

O uso eficiente dessas ferramentas aumenta a produtividade e reduz erros operacionais, permitindo que o advogado dedique mais tempo às estratégias do caso.

Fique atento às oportunidades de mediação

A mediação é uma solução ágil e eficaz para resolver conflitos e evitar longos processos judiciais

Incentive acordos extrajudiciais sempre que possível, considerando que:

  • Reduzem custos para todas as partes;
  • Aceleram a resolução do processo;
  • Oferecem maior flexibilidade nas negociações.

Um advogado habilidoso deve saber identificar o momento certo para propor a mediação e facilitar as negociações entre as partes envolvidas.

Atualize-se sobre a Jurisprudência

Os tribunais frequentemente enfrentam questões inovadoras em processos de falência e recuperação judicial

Estar atualizado sobre as mais recentes decisões judiciais e interpretações legislativas é essencial para embasar seus argumentos e desenvolver soluções eficazes.

Entenda as especificidades do negócio

Cada empresa possui particularidades que influenciam o processo de recuperação ou falência. 

O advogado deve realizar uma análise detalhada da situação financeira, da estrutura organizacional e das relações com os credores. 

Essa compreensão permite criar um plano de ação personalizado e eficaz.

Promova a transparência e a confiança

Mantenha seus clientes informados sobre todas as etapas do processo, explicando os riscos e as alternativas disponíveis. 

A comunicação clara fortalece a confiança e garante que as decisões sejam tomadas de forma consciente.

Invista em capacitação contínua

Participe de cursos, seminários e eventos sobre falência e recuperação judicial

O aprendizado contínuo é essencial para acompanhar as mudanças no mercado e oferecer um serviço de excelência.

Com essas dicas, você estará mais preparado para atuar com ética e competência na área de falência e recuperação judicial, agregando valor aos seus clientes e à sua própria carreira.

Lei de Falência e Recuperação: Modernização e oportunidades para os advogados

A Lei nº 14.112/2020 trouxe avanços significativos para a legislação de falência e recuperação judicial, modernizando o sistema jurídico brasileiro e ampliando as possibilidades de solução para empresas em dificuldades financeiras. 

As alterações promovem maior eficiência, segurança jurídica e estímulo à continuidade de negócios viáveis, refletindo uma abordagem mais dinâmica e alinhada às necessidades econômicas atuais.

Para advogados, essas mudanças representam desafios e oportunidades, exigindo atualização constante, adoção de ferramentas tecnológicas e uma visão estratégica para atender às demandas de seus clientes. 

O domínio das novas disposições legais, aliado a práticas preventivas e uma atuação personalizada, permitirá oferecer soluções eficazes e contribuir para o fortalecimento das empresas e da economia nacional.

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Sobre o autor

Micaela Sanches

Micaela Sanches

Bacharel em Direito, com especializações em Comunicação e Jornalismo, além de Direito Ambiental e Direito Administrativo. Graduanda em Publicidade e Propaganda, uma das minhas paixões. Amo escrever e aprender sobre diversos assuntos.

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