PL 2338/2023: A Importância da Regulamentação da Inteligência Artificial no Brasil

9 dez, 2024
PL 2338/2023 - Regulamentação da IA no Brasil

A inteligência artificial (IA) está transformando o mundo, e o Brasil não fica atrás nessa evolução. Porém, com grandes avanços vêm grandes responsabilidades. 

O Projeto de Lei 2338/2023 (PL 2338/2023) busca estabelecer um marco regulatório para o uso da IA, protegendo direitos fundamentais e garantindo inovação sustentável

Neste texto, exploraremos os principais pontos do PL, suas possíveis implicações e a relevância de uma regulamentação robusta no Brasil.

O que diz o PL 2338/2023?

O PL 2338/2023, também conhecido como Marco Legal da IA, é uma iniciativa para criar diretrizes claras sobre o uso da IA no Brasil. 

Ele visa garantir segurança, transparência e proteção de direitos no desenvolvimento e aplicação dessa tecnologia. 

O projeto estabelece fundamentos como a centralidade da pessoa humana, respeito aos direitos humanos, igualdade, não discriminação, e proteção de dados pessoais

Vejamos:

“Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais de caráter nacional para  o desenvolvimento, implementação e uso responsável de sistemas de  inteligência artificial (IA) no Brasil, com o objetivo de proteger os direitos  fundamentais e garantir a implementação de sistemas seguros e confiáveis, em  benefício da pessoa humana, do regime democrático e do desenvolvimento  científico e tecnológico.

Art. 2º O desenvolvimento, a implementação e o uso de sistemas 

de inteligência artificial no Brasil têm como fundamentos:

I – a centralidade da pessoa humana;

II – o respeito aos direitos humanos e aos valores democráticos;

III – o livre desenvolvimento da personalidade;

IV – a proteção ao meio ambiente e o desenvolvimento sustentável;

V – a igualdade, a não discriminação, a pluralidade e o respeito aos direitos trabalhistas;

VI – o desenvolvimento tecnológico e a inovação;

VII – a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consumidor; 

VIII – a privacidade, a proteção de dados e a autodeterminação informativa;

IX – a promoção da pesquisa e do desenvolvimento com a finalidade de estimular a inovação nos setores produtivos e no poder público; e

X – o acesso à informação e à educação, e a conscientização sobre 

os sistemas de inteligência artificial e suas aplicações.” 

Além disso, o PL também apresenta definições importantes para sistemas de inteligência artificial, seus fornecedores, operadores e agentes. (Art. 4º, PL 2338/2023).

No entanto, a parte vital da possível nova lei reside na estipulação dos direitos dos atingidos pela inteligência artificial (Capítulo II, PL 2338/2023) e na categorização dos riscos (Capítulo III, PL 2338/2023).

Por exemplo, sistemas de IA que influenciam decisões críticas jurídicas devem oferecer explicações claras e acesso a revisões humanas (Arts. 9º e 10, PL 2338/2023).

O PL também define os papéis dos “agentes de IA”, que incluem desenvolvedores e operadores de sistemas, estipulando certas obrigações, como análises descritivas de riscos, e responsabilizando-os por danos causados por suas aplicações (Capítulos IV e V, PL 2338/2023).

O que pode mudar com a sanção do PL 2338/2023?

Se sancionado, o PL trará maior segurança jurídica para o uso da IA, tanto para empresas quanto para consumidores

Isso pode fomentar o desenvolvimento de tecnologias inovadoras no Brasil, atraindo investimentos e colocando o país no mapa da inteligência artificial global.

Por outro lado, a regulamentação também demandará que as empresas que já vendem produtos de IA adaptem seus processos para cumprir critérios de transparência, prevenção de vieses e proteção de dados

Isso significa que advogados que atuam em compliance e direito digital terão um papel crucial na orientação de empresas para adequação às novas exigências.

Como a Inteligência Artificial pode auxiliar na advocacia? [Resumo]

PL 2338/2023: Principais pontos

Aqui estão alguns dos principais pontos trabalhados no PL 2338/2023:

  • Direitos dos afetados por IA: Garantias como o direito à explicação de decisões automatizadas e à contestação dessas decisões (Arts. 9º, 10 e 11, PL 2338/2023);
  • Classificação de risco: Sistemas de IA são categorizados em níveis de risco, como alto risco e risco excessivo. Aplicações de alto risco, como diagnósticos médicos ou decisões judiciais, terão medidas de governança mais rígidas (Capítulo III, PL 2338/2023);

É relevante destacar que, apesar de essa categorização de riscos remeter à AI Act implementada pela União Europeia em 2021, essas classificações são significativamente distintas.  

Enquanto a AI Act aborda uma divisão extensa que possui 4 níveis (mínimo, limitado, alto e inaceitável), permitindo que as definições dos sistemas de IA sejam abordadas mais claramente e suas responsabilidades sejam melhor delimitadas. 

O PL 2338/2023 se limita a dividir os riscos das Inteligências Artificiais em duas categorias (excessivo e alto), o que restringe uma regulamentação minuciosa de cada tipo de IA.

  • Responsabilidade civil: Provedores e operadores serão responsabilizados por danos causados, com regras mais severas para sistemas de alto risco (Arts. 27, 28 e 29, PL 2338/2023);
  • Governança e transparência: Medidas obrigatórias para mitigar vieses, garantir segurança e explicar decisões aos usuários (Capítulos IV e VI, PL 2338/2023);
  • Sandbox regulatório: Ambientes controlados para testar novas aplicações de IA com menor risco regulatório e promover uma implementação saudável de inovações (Seção III, Capítulo VIII, PL 2338/2023).

Quando será votada a PL 2338/2023?

Atualmente, o PL 2338/2023 está em trâmite no Congresso Nacional e a próxima votação está definida para o dia 10 de dezembro de 2024.

Qual a importância da regulamentação da IA no Brasil?

A regulamentação é essencial para equilibrar inovação com a proteção de direitos fundamentais. 

Sem um marco legal, o Brasil corre o risco de ver a tecnologia avançar de forma descontrolada, resultando em violações de privacidade, discriminação algorítmica e outros problemas éticos.

A proposta do PL 2338/2023, promove o desenvolvimento responsável da tecnologia, garante transparência, previne danos e assegura responsabilidade de desenvolvedores e operadores. 

Além disso, a vigência de uma regulamentação adequada representa um importante passo para desmistificar os preconceitos em torno do uso das IAs e promover uma maior acessibilidade a esses sistemas.

Para advogados, o PL cria um campo de atuação robusto, envolvendo questões de compliance, contratos, e direitos dos consumidores

Nesse contexto, o Brasil pode se destacar como líder global ao priorizar soluções inclusivas e alinhadas aos direitos humanos, criando um ecossistema inovador e ético para a IA.

Riscos da Inteligência Artificial para advogados: Quais são?

Marco Legal da Inteligência Artificial: Quais suas implicações a longo prazo?

O Marco Legal da IA tem implicações transformadoras para o Brasil. 

A longo prazo, ele pode atrair investimentos ao oferecer segurança jurídica para empresas e proteger os direitos dos usuários de IA

A exigência de avaliações de impacto algorítmico em sistemas de alto risco fortalece a transparência e a confiabilidade, ademais a garantia da responsabilização civil por possíveis conflitos é algo que garante uma proteção significativa aos usuários.

No entanto, sua eficácia dependerá da capacidade de balancear o rigor regulatório com a promoção da inovação. Regulamentações excessivamente rígidas podem sufocar startups e inibir investimentos, enquanto regras flexíveis demais podem deixar lacunas legais perigosas.

Isso porque as medidas de avaliação de riscos e governança demandam esforços significativos para implementação prática, o que pode atrapalhar o desenvolvimento comercial de pequenas empresas devido a altos custos.

Por fim, também há uma relevante discussão em torno da autoridade competente pela fiscalização da aplicação da lei, sendo que há uma cisão entre a criação de uma nova autoridade e a atribuição das funções elencadas (Seção I, Capítulo VIII, PL 2338/2023) à Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).

O futuro da IA no Brasil

O PL 2338/2023 representa um passo decisivo para moldar o uso da inteligência artificial no Brasil

Ao regulamentar a tecnologia, o país promove inovação segura e protege os direitos de seus cidadãos.

 Para advogados, isso abre um campo vasto de oportunidades e desafios no direito digital. 

O futuro da IA no Brasil será definido pelo equilíbrio entre progresso tecnológico e responsabilidade social.

Referências:

https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/157233

Leia o arquivo do PL 2338/2023 na íntegra

Perguntas frequentes

Por que é importante regulamentar a IA?

Regulamentar a Inteligência Artificial é essencial para proteger direitos fundamentais, como privacidade, igualdade e não discriminação. Além disso, promove a transparência, previne abusos e cria um ambiente seguro para o desenvolvimento e uso ético da tecnologia, incentivando a inovação sustentável e atraindo investimentos.

Como está a regulamentação da IA no Brasil?
O Brasil está discutindo o PL 2338/2023, que estabelece diretrizes para o uso da IA e será votado dia 10/12/2024. Ele propõe normas de governança, direitos para usuários e mecanismos de responsabilização. Apesar de ainda estar em tramitação, o projeto já reflete boas práticas internacionais.
Quais os desafios da regulamentação da IA?
Entre os desafios estão a criação de uma autoridade reguladora independente, custos elevados para empresas se adaptarem e a necessidade de equilibrar inovação com proteção de direitos. Além disso, garantir que a legislação acompanhe o avanço rápido da tecnologia é fundamental para evitar a obsolescência.
Como a falta de regulamentação pode impactar a privacidade e a segurança dos dados pessoais?
Sem regulamentação, sistemas de IA podem operar sem transparência, expondo dados pessoais a usos indevidos, violações de privacidade e discriminação algorítmica. Isso compromete a segurança digital e aumenta os riscos de decisões automatizadas prejudiciais aos indivíduos.

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Sobre o autor

Larissa Santos Teles

Larissa Santos Teles

Entusiasta das tendências e mudanças no campo jurídico. Apaixonada pela leitura e escrita em temas variados. Estudante de Direito na Universidade Federal de Goiás.

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