A figura do preposto é fundamental e estratégica no cenário jurídico, atuando como o elo direto entre a empresa e o Poder Judiciário.
Mais do que um mero representante, o preposto personifica a pessoa jurídica em audiências e atos processuais, tornando-se uma voz essencial para o esclarecimento dos fatos e a defesa dos interesses da organização.
Ao longo deste artigo, desvendaremos o papel do preposto, desde o que ele faz e suas áreas de atuação, passando pela importância e os detalhes da carta de preposição, até às restrições de sua conduta.
Para isso, oferecemos dicas práticas para sua preparação e orientações sobre o que jamais pode ser feito durante a representação judicial, garantindo que sua atuação seja sempre eficaz e em conformidade com a lei.
O que faz um preposto?
O preposto é a pessoa designada para representar formalmente uma empresa em determinados atos, principalmente audiências.
Na prática da correspondência jurídica, é comum o contratante solicitar um preposto para comparecimento em audiências cíveis, trabalhistas ou até mesmo extrajudiciais, como as do PROCON.
Esse representante vai falar pela empresa, esclarecer os fatos e até mesmo, se autorizado, firmar acordos.
O preposto também pode ser ouvido como testemunha, especialmente em audiências de instrução, e precisa conhecer bem o processo para responder com segurança.
Por isso, não basta só estar presente. É fundamental estudar os autos, entender a estratégia definida e respeitar os limites da autorização recebida.
O papel é prático, dinâmico e exige responsabilidade, mesmo quando exercido por quem ainda está na graduação.
Estratégias para se preparar antes, durante e após a Audiência de Instrução e Julgamento
Quais são as áreas de atuação do preposto?
Na rotina da correspondência jurídica, os atos mais recorrentes são audiências nos Juizados Especiais, nas Varas Cíveis e na Justiça do Trabalho.
Também há demandas frequentes em centros de conciliação e mediação, como os CEJUSCs, e em audiências extrajudiciais nos órgãos de defesa do consumidor, principalmente o PROCON.
Esses são os espaços onde o correspondente jurídico mais atua como preposto.
Audiências de conciliação e instrução são as mais solicitadas, com foco na representação inicial da empresa ou no encerramento da lide por meio de acordos.
Na prática, quem atua como preposto acaba ganhando bastante familiaridade com esses ambientes, aprimorando a comunicação e o domínio de situações comuns no contencioso de massa.
Carta de preposição: o que é e para que serve?
A carta de preposição é um documento formal que nomeia uma pessoa para representar uma empresa em audiência, principalmente quando se trata de pessoas jurídicas como rés em processos judiciais.
Ela é comum em ações cíveis e trabalhistas e tem como objetivo formalizar quem será o preposto, ou seja, a pessoa que comparecerá à audiência em nome da empresa, com poderes para falar sobre os fatos do processo e, se for o caso, firmar acordos.
Esse documento é importante porque o juiz precisa saber que aquele indivíduo tem autorização para representar a parte.
Na prática, é como se fosse uma “procuração pontual”, voltada exclusivamente para a audiência. Sem ela, há risco de o juiz aplicar a revelia, principalmente se entender que a empresa não se fez representar adequadamente..
Durante muito tempo, exigia-se que o preposto fosse um empregado da empresa, com vínculo formal. Hoje, essa exigência caiu.
O mais importante é que o preposto tenha conhecimento dos fatos narrados na ação, para responder adequadamente às perguntas do juiz e das partes.
E atenção: instruir o preposto é permitido — o que não pode é “treinar” testemunha, pois essa sim tem o compromisso com a verdade objetiva.
Como fazer uma carta de preposição: passo a passo
Elaborar uma carta de preposição é uma tarefa simples, mas que exige atenção a alguns detalhes.
Veja o passo a passo para fazer uma carta de preposição completa e sem margem para questionamentos:
- Identifique corretamente as partes: Comece o documento com os dados da empresa (razão social, CNPJ, endereço) e informe claramente quem está sendo nomeado como preposto, com nome completo, CPF e, se possível, endereço.
- Especifique o processo: A carta precisa conter o número do processo, o nome da parte adversa e a vara ou juizado onde tramita a ação.
- Indique a data e a finalidade da audiência: Informe claramente a data da audiência e o propósito da representação — se é uma audiência de conciliação, instrução ou ambas.
- Declare os poderes do preposto: A carta deve conter uma cláusula que autoriza o preposto a representar a empresa em audiência, com poderes específicos para depor sobre os fatos e firmar acordos, caso haja essa intenção.
- Assinatura do representante legal da empresa: A carta precisa ser assinada por quem tem poderes para isso, normalmente o sócio-administrador ou procurador com poderes na Junta Comercial.
- Reconhecimento de firma (quando necessário): Embora não seja obrigatório na maioria dos casos, alguns juízos exigem o reconhecimento de firma por autenticidade ou semelhança.
- Anexos recomendados: Para dar mais validade à carta, recomenda-se anexar:
- Cópia do contrato social (ou alterações que comprovem a administração);
- Documento pessoal do preposto;
- Cópia simples da petição em que a carta será juntada (quando possível).
- Cópia do contrato social (ou alterações que comprovem a administração);
Por fim, evite cartas genéricas como “por este instrumento nomeio fulano para representar a empresa em qualquer audiência” — isso pode gerar insegurança jurídica.
Personalize a carta com base no caso concreto.
Dica prática: sempre leve uma via impressa e assinada para apresentar no ato da audiência, mesmo que ela já tenha sido juntada no processo. Isso evita contratempos caso a juntada digital não tenha sido visualizada a tempo pelo juízo.
Quem pode atuar como preposto?
Não é preciso ser advogado para atuar como preposto. Assim, essa é uma das portas de entrada mais acessíveis para estudantes de Direito que desejam começar a adquirir experiência prática ainda durante a graduação.
Inclusive, há casos em que o preposto nem mesmo iniciou o curso superior, desde que esteja devidamente orientado e autorizado pela empresa.
O papel não exige inscrição na OAB, mas o contratante avalia geralmente a postura, o preparo e a segurança do profissional antes de confiar a representação da empresa.
Isso torna essencial estudar o processo e compreender bem a função antes de aceitar a demanda.
A atuação pode ser feita de forma autônoma ou por meio de plataformas de correspondência jurídica, desde que o preposto esteja acompanhado por um advogado, quando exigido, e respeite os limites definidos pela parte que representa.

O que um preposto não pode fazer?
O preposto não pode ultrapassar os limites da autorização concedida pela empresa. Isso significa que não pode firmar acordos fora dos termos combinados, nem tomar decisões estratégicas por conta própria.
Também não pode atuar em audiências que exijam capacidade postulatória sem a presença de um advogado.
Outro erro comum é comparecer despreparado, sem ter lido o processo ou entendido o contexto da demanda. Isso compromete a representação e pode prejudicar a parte que ele está ali para defender.
É importante lembrar que o preposto está ali em nome da empresa, e qualquer informação passada de forma equivocada pode gerar consequências jurídicas.
Mesmo sendo uma função aberta a não advogados, ela exige postura profissional, atenção aos detalhes e cumprimento rigoroso do que foi combinado com o contratante.

Dicas práticas para quem vai atuar como preposto
A atuação do preposto em processos exige atenção redobrada, principalmente quando há audiência de instrução.
Embora muitos associem a figura do preposto a uma mera formalidade, a verdade é que ele representa a empresa diante do juiz — e tudo o que disser ou fizer pode influenciar diretamente no desfecho do processo.
No processo, o preposto é aquele que fala em nome da empresa.
Ele pode ser o próprio sócio, um funcionário ou até mesmo um terceiro sem vínculo empregatício, desde que tenha conhecimento dos fatos e esteja devidamente nomeado por meio de carta de preposição.
A presença do preposto é obrigatória desde a audiência inicial de conciliação, mas é na audiência de instrução que sua participação ganha ainda mais peso, sobretudo quando o juiz decide ouvi-lo como parte ou quando a parte contrária requer seu depoimento pessoal.
Aqui vão dicas práticas para orientar e preparar o preposto, especialmente quando ele será efetivamente ouvido:
1. Entenda que o preposto “é” a empresa
O preposto personifica a empresa em juízo. Aquilo que ele disser terá os mesmos efeitos de uma confissão feita pela própria parte.
Isso significa que respostas vagas ou a famosa frase “não sei” podem levar à confissão ficta, gerando reconhecimento tácito dos fatos alegados na petição inicial — o que pode resultar em derrota da empresa.
2. Estude o processo junto com o advogado
Antes da audiência, o advogado responsável deve reunir-se com o preposto para revisar o processo. Isso inclui:
- Conhecer os pedidos da petição inicial;
- Entender a tese da defesa;
- Analisar documentos principais, como contrato de trabalho, controles de ponto, advertências, recibos, termos de rescisão etc.
Esse alinhamento é essencial para que o preposto não seja pego de surpresa durante os questionamentos do juiz ou do reclamante.
3. Treine respostas coerentes e compatíveis com os documentos
O preposto não precisa ter presenciado os fatos, mas precisa conhecê-los com segurança. Por isso, oriente-o a responder de forma firme, objetiva e compatível com os documentos constantes dos autos.
Evite respostas imprecisas como:
- “Não lembro”
- “Nunca trabalhei com o reclamante”
- “Não tenho certeza”
Essas respostas podem ter efeito equivalente à confissão, e o juiz pode presumir que a versão do reclamante é verdadeira.
4. Antecipe os temas sensíveis
O advogado deve preparar o preposto especialmente para os pontos controvertidos do processo, como:
- Jornada de trabalho e horas extras;
- Intervalos;
- Assédio moral ou agressões;
- Equipamentos de proteção;
- Justa causa ou motivo da demissão.
Se há alegações graves, o preposto precisa estar pronto para apresentar a versão da empresa de forma clara e segura.
5. Prepare-se para a audiência virtual (se for o caso)
Caso a audiência seja telepresencial, algumas medidas básicas evitam contratempos:
- Verificar conexão, som e imagem com antecedência;
- Escolher um ambiente silencioso e bem iluminado;
- Entrar na sala da audiência com pelo menos 10 minutos de antecedência;
- Manter postura séria, vestimenta adequada e câmera posicionada corretamente.
Lembre-se: a imagem e o comportamento do preposto também refletem a postura da empresa no processo.
6. Atenção: duas falhas gravíssimas
As duas maiores falhas que um preposto pode cometer são:
- Não comparecer à audiência – Isso pode gerar revelia e confissão, colocando a empresa em desvantagem irreversível.
- Dizer que não sabe – O desconhecimento dos fatos pode ser interpretado como confissão tácita, ainda que o advogado tenha apresentado defesa escrita.
7. Use a carta de preposição corretamente
A presença do preposto deve estar formalmente autorizada por meio da carta de preposição, que precisa:
- Estar assinada por representante legal da empresa;
- Indicar expressamente o nome do preposto e o número do processo;
- Ser apresentada nos autos antes ou no início da audiência.
Confira o infográfico destacando as principais dicas:

O que faz um preposto?
O preposto é a pessoa designada para representar formalmente uma empresa em atos processuais, especialmente audiências (cíveis, trabalhistas, ou extrajudiciais como PROCON).
Ele fala pela empresa, esclarece os fatos, e pode até firmar acordos, se autorizado, devendo conhecer bem o processo para atuar com segurança.
Quais são as principais áreas de atuação do preposto?
As áreas mais recorrentes para a atuação do preposto são audiências nos Juizados Especiais, Varas Cíveis e Justiça do Trabalho.
Também há demandas frequentes em centros de conciliação e mediação (CEJUSCs) e em audiências extrajudiciais de órgãos de defesa do consumidor, como o PROCON.
O que é uma carta de preposição e qual sua finalidade?
A carta de preposição é um documento formal que nomeia uma pessoa para representar uma empresa em audiência.
Sua finalidade é formalizar quem será o preposto e indicar que ele possui poderes para depor sobre os fatos e, se autorizado, firmar acordos, garantindo ao juiz a legitimidade do representante.
Por que a carta de preposição é considerada importante no processo judicial?
A carta de preposição é importante porque, sem ela, o juiz pode aplicar a revelia à empresa, especialmente se entender que a parte não se fez representar adequadamente na audiência. Ela funciona como uma “procuração pontual” para o ato da audiência.
É obrigatório que o preposto seja um empregado da empresa?
Não. A exigência de que o preposto fosse um empregado da empresa com vínculo formal caiu. O mais importante é que o preposto tenha conhecimento dos fatos narrados na ação para responder adequadamente às perguntas.
Quais são os requisitos para fazer uma carta de preposição completa?
Para fazer uma carta de preposição completa, é necessário:
-Identificar corretamente as partes (empresa e preposto, com dados completos).
-Especificar o número do processo, nome da parte adversa e vara/juizado.
-Indicar a data e a finalidade da audiência.
-Declarar os poderes do preposto (depor sobre os fatos e firmar acordos, se houver).
-Ter a assinatura do representante legal da empresa (com cópia do contrato social, se possível).
-Recomenda-se reconhecimento de firma (se necessário localmente).
É permitido “treinar” o preposto para a audiência?
Sim, instruir o preposto é permitido. O que não é permitido é “treinar” testemunha, pois a testemunha tem compromisso com a verdade objetiva, enquanto o preposto representa a versão da empresa.
Quem pode atuar como preposto? É necessário ser advogado?
Não é preciso ser advogado nem ter iniciado curso superior para atuar como preposto. É uma função acessível a estudantes de Direito, desde que estejam devidamente orientados e autorizados pela empresa. O importante é ter postura, preparo, segurança e conhecimento sobre o processo.
O que um preposto não pode fazer durante sua atuação?
O preposto não pode ultrapassar os limites da autorização concedida pela empresa (não firmar acordos fora do combinado, nem tomar decisões estratégicas por conta própria).
Também não pode atuar em audiências que exijam capacidade postulatória sem a presença de um advogado, nem comparecer despreparado, sem conhecer o processo.
Qual a importância de o preposto estudar o processo antes da audiência?
Estudar o processo com o advogado antes da audiência é essencial para que o preposto não seja pego de surpresa durante os questionamentos do juiz ou do reclamante, garantindo que ele conheça os pedidos da inicial, a tese de defesa e os documentos principais.
A ausência da carta de preposição pode gerar quais riscos para a empresa?
Sem a carta de preposição, há risco de o juiz aplicar a revelia, especialmente se entender que a empresa não se fez representar adequadamente, o que é comum nos Juizados Especiais e na Justiça do Trabalho.
Em que tipo de audiências a participação do preposto ganha mais peso?
A participação do preposto ganha mais peso na audiência de instrução, especialmente quando o juiz decide ouvi-lo como parte ou quando a parte contrária requer seu depoimento pessoal.
O que a presença do preposto em audiências telepresenciais reflete sobre a postura da empresa?
Em audiências telepresenciais, a imagem e o comportamento do preposto (postura séria, vestimenta adequada, ambiente iluminado e silencioso, boa conexão) refletem diretamente a postura e a seriedade da empresa no processo.
Qual a importância de o preposto ter conhecimento dos fatos narrados na ação?
É fundamental que o preposto tenha conhecimento dos fatos narrados na ação para que possa responder adequadamente às perguntas do juiz e das partes, garantindo uma representação eficaz da empresa e evitando prejuízos decorrentes de desconhecimento.