Usucapião Rural: Como funciona e quais são os requisitos?

29 jul, 2025
Um homem cuidando do terreno rural que adquiriu por posse em usucapião rural.

A usucapião rural é uma modalidade de aquisição de propriedade que permite ao possuidor de um imóvel rural, que atenda a determinados requisitos legais, obter o domínio sobre a área, mesmo sem um título formal de propriedade. 

É regulamentada pelo artigo 191 da Constituição Federal e pelos artigos 1.239 e 1.240 do Código Civil. 

Para os advogados, compreender os detalhes desse instituto é essencial, especialmente ao assessorar clientes que ocupam áreas rurais por longos períodos.

Neste artigo, detalhamos os principais pontos da usucapião rural, incluindo seus requisitos, modalidades e aspectos legais. Confira!

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O que é usucapião rural?

Base legal:

Art. 1.239, CC. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

De acordo com o art. 1.239, CC a usucapião rural consiste na possibilidade de aquisição da propriedade de um imóvel rural pelo exercício da posse prolongada, pacífica e ininterrupta, quando preenchidos os requisitos legais. 

Essa modalidade atende ao objetivo de promover o acesso à terra para quem dela depende para subsistência, alinhando-se a políticas públicas de reforma agrária.

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Exemplo Prático

Um agricultor ocupou uma área rural de 20 hectares há oito anos, utilizando-a para plantar alimentos e criar pequenos animais para a subsistência de sua família

Durante esse período, ele não foi incomodado por terceiros e não possui qualquer outro imóvel em seu nome.

Em tal situação, o agricultor poderá ajuizar uma ação de usucapião rural, pleiteando o reconhecimento da propriedade com base no artigo 1.239 do Código Civil.

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Usucapião rural requisitos

Para que o pedido de usucapião rural seja deferido, é necessário atender aos seguintes requisitos:

  • Posse mansa e pacífica: O ocupante não deve sofrer oposição do proprietário ou terceiros.
  • Prazo de 5 anos: A posse deve ser contínua, sem interrupções.
  • Finalidade econômica: A terra deve ser utilizada para a produção agrícola, pecuária ou extrativista.
  • Área limitada a 50 hectares: O imóvel não pode exceder essa extensão.
  • Impossibilidade de titularidade prévia: O possuidor não pode ser proprietário de outro imóvel, rural ou urbano.
  • Função social da posse: A ocupação deve respeitar os princípios de uso produtivo e sustentável.

Usucapião Extrajudicial: Como funciona e quais são os requisitos?

Como solicitar a usucapião rural?

O procedimento pode ser realizado por meio de ação judicial ou processo extrajudicial. Veja a seguir.

Usucapião Rural Judicial

Este procedimento ocorre perante o Poder Judiciário, sendo obrigatório quando há litígios, dúvidas sobre os direitos dos envolvidos ou ausência de consenso entre as partes interessadas.

Requisitos: Para ingressar com a ação judicial, é necessário comprovar que o possuidor atende aos requisitos legais para a usucapião rural, previstos no artigo 1.239 do Código Civil:

  • Ocupação de imóvel rural com área não superior a 50 hectares;
  • Exploração da área em trabalho próprio ou com auxílio da família, tornando-a produtiva;
  • Exercício da posse contínua e pacífica, sem oposição, por no mínimo 5 anos;
  • O requerente não pode ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

Documentação essencial:

  • Declaração e descrição detalhada da área ocupada;
  • Planta e memorial descritivo assinados por profissional habilitado (engenheiro ou agrimensor);
  • Certidões atualizadas do registro de imóveis;
  • Provas testemunhais, documentos que demonstrem a posse (notas fiscais, contratos de arrendamento, etc.);
  • Manifestação do Ministério Público, que avaliará o interesse social e a regularidade do pedido;
  • Consulta prévia e diligências junto ao cartório de registro de imóveis.

Procedimento: Após o ajuizamento, o processo segue com a citação de terceiros interessados (vizinhos, credores e confrontantes) e a análise pelo juiz, que pode determinar perícias ou outras diligências necessárias.

Usucapião Rural Extrajudicial

Este procedimento é realizado diretamente no cartório de registro de imóveis, sendo introduzido pelo Código de Processo Civil de 2015, buscando simplificar e agilizar o reconhecimento da usucapião.

Vantagens:

  • Rapidez em relação ao processo judicial;
  • Menor custo, pois não há despesas processuais;
  • Menor formalidade, desde que cumpridos os requisitos legais.

Requisitos para a usucapião rural extrajudicial:

  • Todos os requisitos para a usucapião rural judicial também se aplicam;
  • Concordância expressa de todos os confrontantes (vizinhos e interessados);
  • Ausência de disputas ou oposição.

Documentação necessária:

  • Planta e memorial descritivo assinados por profissional habilitado, com anuência expressa dos confrontantes;
  • Certidão negativa do registro de imóveis, atestando a inexistência de registros contraditórios;
  • Declaração do requerente sobre a posse contínua, pacífica e ininterrupta;
  • Certidões negativas de débitos fiscais do imóvel, se aplicável.

Procedimento:

  • O requerente apresenta a documentação diretamente ao cartório de registro de imóveis competente.
  • O oficial do cartório realiza a análise formal dos documentos.
  • Havendo ausência de impugnações ou irregularidades, o oficial registra o reconhecimento da usucapião.
  • Caso surjam conflitos ou dúvidas sobre a posse, o procedimento será remetido ao Judiciário.

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Uma mulher cuidando de seu terreno que adquiriu por posse em usucapião rural.

Usucapião rural: Dicas práticas para advogados

A usucapião rural é um instrumento jurídico que exige cuidado na organização e na apresentação das provas. 

Veja a seguir algumas orientações essenciais.

Analise os documentos

  • Certidões e registros: verifique as certidões de titularidade e a inexistência de ônus sobre o imóvel. Certifique-se de que o bem não é público ou possui litígios pendentes.
  • Plantas e memoriais descritivos: certifique-se de que o levantamento topográfico está correto e atende às exigências legais.
  • Histórico de posse: documente a origem e a continuidade da posse com recibos, contratos informais e registros fotográficos.

Invista em provas testemunhais

  • Relevância das testemunhas: identifique testemunhas idôneas que possam atestar a posse mansa, pacífica, ininterrupta e produtiva do imóvel.
  • Depoimentos detalhados: oriente as testemunhas para relatarem a duração da posse e como ela contribuiu para a produtividade do imóvel.

Explore a via extrajudicial

  • Viabilidade: avalie se o caso atende aos requisitos para a usucapião extrajudicial, como a inexistência de oposição e a regularidade dos documentos.

Considere a função social da propriedade

  • Produtividade: demonstre que a ocupação atende aos requisitos de exploração econômica ou utilização sustentável do imóvel.
  • Impacto social: enfatize como a regularização fundiária promove a justiça social e a segurança jurídica no campo.

Esteja atento a impedimentos

  • Imóveis públicos: lembre-se de que bens públicos não podem ser usucapidos, conforme previsto no artigo 183, §3º da Constituição Federal.
  • Disputas judiciais: verifique a inexistência de ações possessórias ou reivindicatórias em andamento que possam inviabilizar o pedido.

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A importância da usucapião rural

A usucapião rural é um instrumento jurídico fundamental para garantir o acesso à terra e a regularização fundiária, especialmente para pequenos agricultores que dependem dela para sua subsistência. 

Este processo, regulamentado pela Constituição Federal e pelo Código Civil, promove não apenas a segurança jurídica, mas também contribui para a função social da propriedade.

Para advogados, compreender as nuances desse instituto é essencial para assessorar clientes de forma eficaz, seja em vias judiciais ou extrajudiciais.

Dessa forma, seguir os requisitos legais, organizar provas robustas e explorar as melhores alternativas para cada caso são passos determinantes para o sucesso na obtenção do direito de propriedade rural.

Leia nosso Guia sobre a Lei do Inquilinato (Lei 8.245/91)

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O que é a usucapião rural?

A usucapião rural é um tipo de aquisição da propriedade de um imóvel rural por meio do exercício da posse prolongada, mansa, pacífica e ininterrupta, sem oposição do proprietário original, com a finalidade de produzir e residir no local.

Trata-se de uma forma legal de regularizar a posse da terra por pequenos produtores rurais que utilizam o imóvel para o sustento próprio e da família.

Quando é cabível usucapião rural?

A usucapião rural é cabível quando uma pessoa ocupa uma área rural de até 50 hectares, de forma contínua, sem oposição, utilizando-a para moradia e para o trabalho produtivo próprio e de sua família, durante um período mínimo de cinco anos ininterruptos. 

Não pode haver outro imóvel urbano ou rural registrado em nome do ocupante, e a posse não pode ter origem violenta ou clandestina.

Como funciona a usucapião de terras?

A usucapião de terras funciona como um processo judicial ou extrajudicial que reconhece a aquisição da propriedade de um imóvel por quem exerce a posse prolongada e de boa-fé, cumprindo requisitos legais específicos. 

No caso da usucapião rural, o interessado deve demonstrar posse contínua e produtiva, com objetivo de moradia e trabalho, e ingressar com o pedido junto ao Judiciário ou em cartório, conforme a via escolhida, apresentando provas documentais e testemunhais da posse.

Quais os requisitos da usucapião rural?

Os requisitos da usucapião rural são: 

(1) posse mansa, pacífica e ininterrupta de imóvel rural por pelo menos cinco anos; 
(2) área de até 50 hectares; 
(3) uso do imóvel para moradia e produção que garanta o sustento próprio e da família; 
(4) inexistência de propriedade rural ou urbana em nome do possuidor; e 
(5) posse exercida sem violência, clandestinidade ou oposição do proprietário original.

Quais documentos são necessários para a usucapião rural?

Os documentos necessários para a usucapião rural incluem: 

– Documentos pessoais do requerente (RG, CPF e comprovante de residência); 
– Planta e memorial descritivo do imóvel assinados por profissional habilitado;
– Certidões negativas de propriedade rural e urbana:
– Documentos que comprovem a posse (como contas, contratos de compra e venda, recibos, declaração de vizinhos);
– Além de documentos do INCRA e comprovantes de atividade produtiva no local.

Como comprovar a usucapião rural?

Para comprovar a usucapião rural, o interessado deve apresentar documentos e testemunhas. É necessário demonstrar que a posse foi contínua, pacífica, ininterrupta e produtiva por pelo menos cinco anos.

Podem ser usados recibos de pagamento de impostos, contas de consumo e contratos informais de compra e venda. Também são válidas declarações de vizinhos, fotografias e registros de atividades agrícolas.

O cadastro no INCRA e mapas do imóvel com a delimitação da área ocupada também ajudam na comprovação.

A usucapião rural exige 10 anos de posse ininterrupta?

Não, a usucapião rural exige o prazo mínimo de cinco anos de posse ininterrupta, mansa e pacífica, conforme previsto no artigo 191 da Constituição Federal, desde que o ocupante não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural e utilize a terra para moradia e produção, garantindo o sustento da família. 

Esse prazo é inferior ao exigido em outras modalidades de usucapião, como a ordinária e a extraordinária.

Quanto tempo demora um processo de usucapião?

O tempo de duração de um processo de usucapião varia conforme a complexidade do caso. Também depende do tipo de via escolhida, seja judicial ou extrajudicial. Em geral, o processo pode levar de 2 a 10 anos.

Esse prazo varia de acordo com o volume de documentos e a existência de litígios ou impugnações. A tramitação no cartório ou no Judiciário também influencia. 
Além disso, a atuação do Ministério Público, da União e de entes municipais pode impactar no andamento do processo.

É possível usucapir área de terra com medida superior a 50 hectares?

Na modalidade de usucapião rural constitucional, a área máxima permitida é de 50 hectares, conforme a Constituição Federal. 

No entanto, existem outras modalidades de usucapião previstas no Código Civil (como a usucapião extraordinária ou ordinária) que permitem a aquisição de propriedades com área superior, desde que preenchidos os requisitos específicos de tempo de posse e outros critérios legais.

Qual é o prazo para usucapião rural?

O prazo para a usucapião rural é de cinco anos de posse ininterrupta, pacífica e com utilização da terra para moradia e produção, conforme disposto no artigo 191 da Constituição Federal. 

Esse prazo é o tempo mínimo necessário para que o ocupante possa requerer judicial ou extrajudicialmente o reconhecimento da propriedade do imóvel rural.

Pode vender terra de usucapião?

Sim, a terra adquirida por usucapião pode ser vendida após o reconhecimento judicial ou extrajudicial da propriedade e o devido registro no cartório de imóveis. 

Após a regularização, o usucapiente se torna legalmente proprietário do imóvel, podendo realizar a venda normalmente, desde que a propriedade esteja devidamente registrada em seu nome.

Quando não pode ocorrer a usucapião rural?

A usucapião rural não é permitida em algumas situações. Ela não pode ocorrer quando o ocupante já for proprietário de outro imóvel, seja urbano ou rural. Também é vedada quando a posse for violenta, clandestina ou precária — por exemplo, com autorização do dono. 

Não se aplica se a área ultrapassar 50 hectares, na modalidade constitucional. Além disso, é necessário que o imóvel seja usado para moradia e produção que garantam o sustento do possuidor e de sua família.

Qual a diferença entre usucapião rural e urbana?

A principal diferença entre usucapião rural e urbana está no tipo de imóvel e nos requisitos de posse. A usucapião rural se aplica a imóveis de até 50 hectares, utilizados para moradia e produção familiar. Ela exige cinco anos de posse contínua.

Já a usucapião urbana se aplica a terrenos urbanos de até 250 m², usados exclusivamente como moradia própria e da família. Também exige cinco anos de posse, sem oposição e sem que o possuidor seja proprietário de outro imóvel.

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Sobre o autor

Micaela Sanches

Micaela Sanches

Bacharel em Direito, com especializações em Comunicação e Jornalismo, além de Direito Ambiental e Direito Administrativo. Graduanda em Publicidade e Propaganda, uma das minhas paixões. Amo escrever e aprender sobre diversos assuntos.

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