O trânsito em julgado é um marco fundamental em qualquer processo judicial. Ele indica o momento em que uma decisão não pode mais ser modificada por recursos, garantindo segurança jurídica às partes.
Para o advogado, compreender exatamente quando o trânsito em julgado ocorre e quais são seus efeitos é essencial para agir no momento certo, seja para iniciar a execução da sentença, orientar o cliente ou explorar possíveis exceções previstas na lei.
Neste guia, você vai entender de forma prática os impactos do trânsito em julgado e como lidar com ele no dia a dia da advocacia.
O que é trânsito em julgado?
O trânsito em julgado acontece quando uma decisão judicial não pode mais ser modificada por nenhum recurso.
Em termos mais simples, é quando o processo chega a um ponto final.
Na prática, significa que quem “ganhou” o processo pode efetivamente executar a decisão, e quem “perdeu” não tem mais chance de contestar, salvo situações extremamente raras, como a ação rescisória.
Pense no processo como uma linha do tempo: há o início, vários atos processuais, decisões e despachos, e, por fim, a sentença.
Em cada etapa específica , existe a possibilidade de apresentar recurso. Se a parte não apresenta o recurso no prazo legal ou não existem mais recursos possíveis, a decisão transita em julgado.
Para o advogado, compreender o trânsito em julgado é essencial para saber quando iniciar a fase de cumprimento de sentença ou execução e para não perder prazos que poderiam reverter uma decisão desfavorável.
Quando ocorre o trânsito em julgado?
O trânsito em julgado pode acontecer de duas formas principais:
- Fim do prazo para recorrer;
- Esgotamento de todos os recursos: Se a parte recorre da decisão inicial e perde novamente no Tribunal de Justiça ou no TRF, ainda pode tentar recursos para tribunais superiores (STJ, TST ou STF, de acordo com o caso). Mas quando não há mais recurso cabível, o trânsito em julgado é automático.
Na vida prática, isso quer dizer que o advogado precisa monitorar constantemente os andamentos processuais, pois a data exata do trânsito em julgado impacta diretamente na contagem de prazos para execução ou para outras medidas.
Importância do trânsito em julgado
O trânsito em julgado garante segurança jurídica: as partes sabem que aquela decisão é definitiva e que não será alterada, permitindo que direitos sejam efetivamente exercidos.
Para o advogado, ele marca o ponto de virada entre a fase de conhecimento e a fase de execução.
Sem trânsito em julgado, existe sempre o risco de reversão da decisão.
Além disso, conhecer bem o momento e as consequências do trânsito em julgado ajuda a proteger o cliente contra cobranças indevidas, agilizar o recebimento de valores e evitar que prazos importantes sejam perdidos.
Para quem está no processo, é o momento de certeza; para quem atua na advocacia, é o momento de agir.
Quanto tempo demora o trânsito em julgado de uma sentença?
O tempo para o trânsito em julgado de uma sentença varia conforme a existência ou não de recursos.
- Se ninguém recorre: o trânsito em julgado acontece logo após o fim do prazo recursal, que geralmente é de 15 dias úteis (art. 1.003, §5º, CPC).
- Se houver recurso: o processo só transita em julgado depois de julgados todos os recursos cabíveis, inclusive em instâncias superiores. Nesses casos, o prazo pode se estender por meses ou até anos, dependendo da complexidade da demanda.
Dessa forma, o trânsito em julgado não tem um prazo fixo: ele pode ocorrer em poucas semanas ou demorar bastante se houver longa discussão judicial.

O que acontece depois do trânsito em julgado no âmbito cível?
Diante desse cenário, é importante explicar ao cliente que o trânsito em julgado não significa o recebimento imediato da sua pretensão, mas sim o início da fase em que é possível exigir judicialmente o cumprimento da decisão.
Com o trânsito em julgado, inicia-se a fase de cumprimento de sentença ou execução.
No caso mais comum, em obrigações de pagar quantia certa, o juiz intima o devedor para pagar o valor devido em até 15 dias úteis (art. 523, CPC).
Se não houver pagamento nesse prazo, o advogado pode:
- Requerer penhora online via BacenJud/Sisbajud;
- Solicitar restrição de veículos via Renajud;
- Protestar a sentença em cartório;
- Negativar o nome do devedor.
Mesmo assim, o devedor ainda terá mais 15 dias úteis para apresentar impugnação ao cumprimento de sentença, alegando questões como excesso de execução ou ilegitimidade.
Atenção: essa impugnação não suspende automaticamente a cobrança, mas pode atrasar o recebimento.
Na prática, isso significa que, mesmo em um caso simples, o recebimento após o trânsito em julgado pode demorar. Em processos mais complexos ou com dificuldade para encontrar bens, esse prazo pode se estender bastante.

Após o trânsito em julgado em diferentes áreas
Depois que o trânsito em julgado é certificado nos autos, abre-se o caminho para a execução da decisão.
Essa etapa varia conforme o tipo de ação e de área do direito:
- Direito Civil: como mencionado anteriormente, inicia-se o cumprimento de sentença, que pode envolver cobrança de valores, entrega de bens ou obrigação de fazer.
- Direito de Família: pode significar, por exemplo, a execução de pensão alimentícia ou a formalização de guarda.
- Trabalhista: é o momento de calcular e cobrar verbas trabalhistas reconhecidas na sentença.
- Previdenciário: o INSS deve implantar benefício ou pagar atrasados.
Diferença entre trânsito em julgado e coisa julgada
Embora muitas pessoas usem trânsito em julgado e coisa julgada como sinônimos, eles não são exatamente a mesma coisa, embora estejam intimamente ligados.
Recapitulando, o trânsito em julgado é o momento processual em que não cabe mais recurso contra uma decisão. Ele ocorre quando:
- Todos os recursos possíveis foram utilizados e negados; ou
- O prazo para recorrer expirou sem que o recurso tenha sido interposto.
Já a coisa julgada é o efeito jurídico que surge após o trânsito em julgado.
Ou seja: a decisão torna-se imutável e indiscutível dentro e fora do processo, garantindo segurança jurídica às partes.
Em termos práticos: o trânsito em julgado é o ato; a coisa julgada é a consequência.
Exemplos práticos para o advogado
- Indenização por acidente de trânsito:
- Sai a sentença condenando o réu a pagar R$ 10.000,00.
- Se ninguém recorre no prazo legal, ocorre o trânsito em julgado.
- A partir desse momento, forma-se a coisa julgada, impedindo que as partes rediscutam a responsabilidade ou o valor, salvo raríssimas hipóteses como ação rescisória.
- Sai a sentença condenando o réu a pagar R$ 10.000,00.
- Direito de família (pensão alimentícia):
- A decisão que fixa a pensão pode transitar em julgado.
- Porém, ela não faz coisa julgada material imutável, pois pode ser revista diante de novas circunstâncias (ex.: filho atinge maioridade ou mudança na capacidade financeira do alimentante, dentre outras possibilidades).
- A decisão que fixa a pensão pode transitar em julgado.
É possível reverter uma sentença transitada em julgado?
Como regra geral, não. O trânsito em julgado significa que não cabem mais recursos contra a decisão, e a coisa julgada garante que o que foi decidido não pode ser modificado ou rediscutido.
Ainda assim, o advogado precisa conhecer as exceções previstas na lei, e como explorá-las, para saber se existe brecha para reverter ou atacar uma decisão definitiva.
Dicas práticas para o advogado
- Sempre verifique a certidão de trânsito em julgado antes de iniciar a execução, pois sem ela ainda pode haver prazo para recurso.
- Oriente o cliente que trânsito em julgado não significa pagamento imediato, é o ponto a partir do qual se pode cobrar judicialmente.
- Nos casos de direito de família e outras matérias de natureza continuada, explique que a decisão pode ser revista, mesmo após trânsito em julgado.
- Avalie a possibilidade de ação rescisória quando houver vício grave na decisão, lembrando que o prazo decadencial é de 2 anos e os requisitos são restritos.
Confira o infográfico que fizemos para você visualizar melhor essa dicas:

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O que significa trânsito em julgado?
O trânsito em julgado acontece quando uma decisão judicial não pode mais ser contestada por nenhum recurso.
É o momento em que a sentença se torna definitiva, permitindo que quem ganhou o processo execute a decisão, enquanto quem perdeu não pode mais recorrer, salvo situações excepcionais.
Quanto tempo demora o trânsito em julgado de uma sentença?
O prazo depende do tipo de processo e se houve recurso, se houver recurso, o trânsito em julgado só ocorre quando todos os recursos possíveis forem esgotados.
O que vem depois do trânsito em julgado?
Após o trânsito em julgado, inicia-se a fase de execução:
– Direito Civil: cumprimento de sentença, cobrança de valores, entrega de bens ou obrigação de fazer;
– Direito de Família: execução de pensão alimentícia ou formalização de guarda;
– Trabalhista: cálculo e cobrança de verbas reconhecidas na sentença;
– Previdenciário: implantação de benefício ou pagamento de atrasados pelo INSS.
O que fazer quando a sentença transitou em julgado?
O advogado deve:
Certificar-se do trânsito em julgado;
Iniciar a execução da sentença;
Orientar o cliente sobre prazos e possíveis recursos residuais;
Avaliar eventual ação rescisória em casos de vício grave na decisão.
Qual é o prazo para cumprir uma sentença após o trânsito em julgado?
No caso mais comum, quando a sentença determina pagamento de quantia certa, o devedor tem 15 dias úteis para cumprir a obrigação (art. 523, CPC).
Caso não o faça, o advogado pode: penhorar bens via BacenJud/Sisbajud, solicitar restrição de veículos via Renajud, protestar a sentença em cartório ou negativar o devedor.
O que acontece depois do trânsito em julgado contra o INSS?
Após o trânsito em julgado, o INSS deve implantar o benefício determinado ou pagar valores atrasados. O advogado deve acompanhar a execução e, se necessário, tomar medidas para garantir o cumprimento da decisão.
Quanto tempo para receber após o trânsito em julgado?
Mesmo em casos simples, o recebimento costuma demorar após o trânsito em julgado. Em processos mais complexos ou com dificuldade de localizar bens, o prazo pode se estender.
É possível anular uma sentença transitada em julgado?
Como regra geral, não. Porém, é possível em hipóteses restritas, como:
Ação rescisória;
Impugnação ao cumprimento de sentença;
Querela nullitatis (nulidade absoluta);
Nova ação baseada em fatos novos, quando houver mudança relevante na causa.
Qual o dia do trânsito em julgado da sentença?
O dia do trânsito em julgado é:
Quando o prazo para recorrer expira sem que a parte apresente recurso; ou
Quando todos os recursos cabíveis foram julgados e negados.