Entenda o funcionamento dos Contratos Agrários e suas cláusulas essenciais

28 maio, 2025
Advogado explicando as cláusulas do contrato para o fazendeiro

Os contratos agrários são instrumentos fundamentais para regularizar as relações no campo. 

Eles podem assumir diferentes formas, como o comodato, o arrendamento rural, o contrato de condomínio rural, entre outros. Por isso, neste artigo, vamos explorar as cláusulas essenciais, formas de prevenir litígios e como o advogado pode atuar de forma estratégica nas negociações

Para enriquecer nossa discussão, contamos com a participação da advogada Juliana Cadore, inscrita na OAB/SC sob o nº 42.396 e na OAB/RJ sob o nº 261.557. A Dra. Juliana é especialista  em Direito Ambiental e trouxe contribuições relevantes sobre o tema, com base em sua experiência na área.

O que são Contratos Agrários?

Os contratos agrários são a base fundamental para a exploração rural, delineando os acordos legais que regulam a utilização da terra. 

Mais do que meros documentos, eles estabelecem os fundamentos para a posse ou uso de imóveis rurais, possibilitando o crescimento de atividades agrícolas e pecuárias. 

Em um cenário onde a colaboração no campo se intensifica, os contratos agrários emergem como ferramentas essenciais, proporcionando segurança jurídica e clareza nas relações entre proprietários e exploradores

Regidos pelo Estatuto da Terra e pelo Decreto n.º 59.566/66, esses instrumentos legais garantem que os acordos sejam justos e transparentes, minimizando riscos e promovendo um ambiente de confiança para o desenvolvimento do agronegócio.

O Código Civil e a Lei de Locações (Lei nº 8.245/1991) também são importantes fundamentos legislativos complementares na regulamentação em alguns casos desse tipo de contrato. 

Confira nosso artigo sobre Usucapião Rural: Como funciona e quais são os requisitos?

Tipos de Contratos Agrários 

A seguir, exploramos os principais tipos de contratos agrários utilizados nas relações rurais e suas aplicações práticas:

Contrato de condomínio rural 

No contrato de condomínio rural, dois ou mais produtores rurais se unem para explorar uma mesma propriedade e dividir os custos, riscos e lucros da atividade agrícola. 

O condomínio rural deve ser registrado e possui uma Inscrição no Registro de Imóveis (RI), garantindo segurança jurídica aos envolvidos.

Contrato de arrendamento rural  

No arrendamento rural, o proprietário cede o uso de um imóvel rural (total ou parcial) a outra pessoa, chamada de arrendatário, por um período determinado ou indeterminado. Em troca, o arrendatário paga um valor fixo, conhecido como aluguel

É importante destacar que os riscos da atividade rural são de responsabilidade exclusiva do arrendatário, enquanto o proprietário recebe apenas o valor combinado, independentemente do faturamento obtido.

Contrato de comodato rural  

O comodato rural é um contrato de empréstimo gratuito de uma propriedade rural. Nesse caso, o proprietário cede o uso da terra sem cobrar qualquer valor, sendo comum entre familiares ou pessoas de confiança. 

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Contrato de parceria rural 

No contrato de parceria rural, o proprietário cede o uso da terra para o plantio, mas não a propriedade. Diferente do arrendamento, aqui os riscos da atividade rural são divididos entre as partes. 

O lucro obtido com a produção também é compartilhado, conforme acordado no contrato. Esse tipo de contrato é comum quando há interesse mútuo em investir na produção agrícola.

Para saber mais sobre contratos confira nosso artigo sobre Contratos Descomplicados

Arrendamento vs. comodato rural

Segundo a advogada Juliana Cadore, a principal diferença entre o comodato rural e o arrendamento está no aspecto econômico: enquanto no comodato não há pagamento de aluguel pelo uso da terra, no arrendamento o uso é condicionado ao pagamento de um valor previamente estipulado. 

Ambos os contratos, no entanto, não devem ser confundidos com a parceria rural, que possui características próprias.

Ainda de acordo com a especialista, os conflitos mais comuns envolvem o inadimplemento contratual

Como o objeto do contrato é justamente o uso da terra para a produção — que, por sua vez, é fonte de renda para o usuário —, o índice de inadimplência costuma ser baixo. Quando ocorre, geralmente leva à rescisão contratual imediata.

Advogada explicando os tipos de contratos agrários para o agricultor

Cláusulas Essenciais em Contratos Agrários

Os contratos agrários seguem princípios estabelecidos pela Constituição Federal e por legislações específicas, como o Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/64) e o Decreto-lei nº 59.566/66, que visam garantir o cumprimento da função social da propriedade rural.

Segundo o artigo 186 da Constituição Federal, a função social da propriedade rural é cumprida quando são atendidos quatro requisitos essenciais:

  1. Aproveitamento racional e adequado;
  2. Utilização adequada dos recursos naturais e preservação do meio ambiente;
  3. Observância das normas que regulam as relações de trabalho;
  4. Exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Tais requisitos  devem ser refletidos nas cláusulas dos contratos agrários, que precisam ser claras, detalhadas e alinhadas às normas legais. 

Por isso, destacamos as cláusulas essenciais que não podem faltar nos seus contratos agrários:

  • Aproveitamento Racional e Adequado

O contrato deve garantir que a terra seja utilizada de forma racional e produtiva, conforme estabelecido pela legislação agrária; 

Isso inclui a definição das atividades a serem desenvolvidas (como cultivo, pecuária ou reflorestamento) e a obrigação de manter a produtividade da terra, evitando práticas que possam degradar o solo ou comprometer sua capacidade de produção;

  • Preservação do Meio Ambiente

É fundamental que o contrato inclua cláusulas que assegurem a proteção dos recursos naturais, como água, solo e vegetação. O uso de técnicas sustentáveis e o cumprimento das normas ambientais devem ser obrigações claras para quem explora a terra;

  • Respeito às Relações de Trabalho

Embora os contratos agrários não estabeleçam vínculos empregatícios entre as partes, é essencial que eles respeitem as normas trabalhistas;

  • Bem-Estar dos Envolvidos

O contrato deve promover o bem-estar tanto dos proprietários quanto dos arrendatários ou parceiros, garantindo condições justas e equilibradas para ambas as partes;

  • Direitos e Obrigações das Partes

O contrato deve detalhar os direitos e obrigações de cada parte, como o pagamento de valores (no caso de arrendamento ou parceria), a manutenção da terra e a divisão de riscos e lucros;

  • Condições de Rescisão e Renovação

É importante definir as condições para rescisão ou renovação do contrato, incluindo prazos, notificações prévias e eventuais multas por descumprimento.

Nesse sentido, a advogada Juliana Cadore pontua como cláusula indispensável a previsão de como será feito o pagamento em caso de rescisão contratual, especialmente nos casos em que ainda não se procedeu à colheita da produção.

 A ausência dessa definição pode gerar conflitos sobre a indenização dos investimentos realizados e sobre a titularidade dos frutos ainda não colhidos.

Orientação Jurídica: Como Advogados Auxiliam na Elaboração de Contratos Agrários

Uma das primeiras atuações do advogado, nesse contexto, é justamente orientar o cliente na elaboração dos contratos agrários. 

É essencial garantir que esses contratos estejam conforme a legislação vigente e tragam cláusulas claras sobre percentuais de participação, permissões, valores e demais detalhes importantes. 

Também é indispensável definir o tipo de contrato utilizado, conforme as especificidades da relação firmada.

Além das cláusulas obrigatórias, o contrato precisa estar completo: deve conter a qualificação completa das partes envolvidas, a descrição detalhada da área rural, o tipo de parceria e o prazo de duração.

Outro ponto que precisa ser debatido com o cliente é a partilha dos frutos ou lucros da produção, que costuma ser uma das maiores fontes de conflito quando não está bem definida desde o início.

Para facilitar esse trabalho, o advogado pode contar com a ferramenta da Jurídico AI, que oferece pareceres jurídicos voltados à análise contratual. Essa ferramenta ajuda a identificar se o contrato está adequado às exigências legais, além de otimizar o tempo da rotina jurídica.

Jurídico AI: Elaboração de Contratos Agrários personalizados e seguros

Na elaboração de contratos agrários, a precisão e a segurança jurídica são fundamentais para evitar conflitos e garantir que todas as partes envolvidas tenham seus direitos e obrigações claramente definidos. 

Com a Jurídico AI, você conta com uma ferramenta para criar contratos personalizados, alinhados às normas legais e às jurisprudências mais recentes. 

Nossa plataforma permite que você escolha o tipo de contrato (arrendamento, parceria, comodato, etc.), insira os dados relevantes, como informações das partes, prazo de vigência, valores e condições específicas, e gere um contrato seguro e personalizado, adaptado às suas necessidades e conforme a legislação agrária.

Com a Jurídico AI, você ganha agilidade e precisão na elaboração de contratos, reduzindo riscos e garantindo que todas as cláusulas estejam em conformidade com as normas do Estatuto da Terra, da Constituição Federal e das jurisprudências aplicáveis. 

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O que são contratos agrários?

Contratos agrários são instrumentos legais fundamentais que regulam as relações de posse ou uso de imóveis rurais para a exploração de atividades agrícolas e pecuárias, estabelecendo os acordos entre proprietários e exploradores, garantindo segurança jurídica e clareza nas relações.

Quais são os principais tipos de contratos agrários existentes?

Os principais tipos são: 
– Contrato de condomínio rural (união de produtores para exploração conjunta);
– Contrato de arrendamento rural (cessão de uso mediante pagamento fixo);
– Contrato de comodato rural (empréstimo gratuito da terra);
– Contrato de parceria rural (cessão de uso com divisão de riscos e lucros).

Qual é a principal legislação que regula os contratos agrários no Brasil?

Os contratos agrários são regidos principalmente pelo Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/64) e pelo Decreto nº 59.566/66. O Código Civil e a Lei de Locações (Lei nº 8.245/91) também podem ser aplicados de forma complementar em alguns casos.

Quais são as cláusulas essenciais que não podem faltar em um contrato agrário?

As cláusulas essenciais incluem: 
– Garantia de aproveitamento racional e adequado da terra;
– Preservação do meio ambiente; 
– Respeito às relações de trabalho;
– Promoção do bem-estar dos envolvidos;
– Detalhamento dos direitos e obrigações das partes;
– Definição das condições de rescisão e renovação do contrato.

Como os advogados podem orientar seus clientes na elaboração de contratos agrários?

Os advogados orientam na elaboração de contratos conforme a legislação vigente, com cláusulas claras sobre percentuais de participação, permissões, valores e outros detalhes importantes, definindo o tipo de contrato adequado à relação e abordando a partilha de frutos ou lucros da produção.

Qual a principal diferença entre o contrato de arrendamento rural e o contrato de comodato rural?

A principal diferença reside no aspecto econômico: no arrendamento rural há o pagamento de um aluguel pelo uso da terra, enquanto no comodato o uso é gratuito.

Quais os conflitos mais comuns envolvendo contratos agrários?

Os conflitos mais comuns envolvem o inadimplemento contratual, que geralmente leva à rescisão imediata do contrato, e a ausência de definição clara sobre o pagamento em caso de rescisão antes da colheita, gerando disputas sobre indenizações e titularidade dos frutos.

De que forma a Constituição Federal influencia as cláusulas dos contratos agrários?

Através do artigo 186, CF, que  estabelece os requisitos para o cumprimento da função social da propriedade rural (aproveitamento racional, uso adequado dos recursos naturais, respeito às leis trabalhistas e bem-estar dos envolvidos), princípios que devem ser refletidos nas cláusulas dos contratos agrários.

Além das cláusulas essenciais, que outros elementos são importantes em um contrato agrário?

Além das cláusulas essenciais, é importante que o contrato contenha a qualificação completa das partes envolvidas, a descrição detalhada da área rural, o tipo de parceria estabelecida e o prazo de duração do contrato.

Como a ferramenta Jurídico AI pode auxiliar na elaboração de contratos agrários?

A Jurídico AI oferece pareceres jurídicos voltados à análise contratual, ajudando a identificar se o contrato está adequado às exigências legais e permitindo a criação de contratos personalizados, alinhados às normas e jurisprudências, com agilidade e precisão.

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Sobre o autor

Jamile Cruz

Jamile Cruz

Pedagoga e estudante de Direito na UNEB. Pós-graduada em Direito Civil e Direito Digital. Apaixonada por educação, tecnologia e produção de conteúdo jurídico. Pesquisadora na área de proteção de dados e inovação no Direito.

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