Os contratos agrários são instrumentos fundamentais para regularizar as relações no campo.
Eles podem assumir diferentes formas, como o comodato, o arrendamento rural, o contrato de condomínio rural, entre outros. Por isso, neste artigo, vamos explorar as cláusulas essenciais, formas de prevenir litígios e como o advogado pode atuar de forma estratégica nas negociações.
Para enriquecer nossa discussão, contamos com a participação da advogada Juliana Cadore, inscrita na OAB/SC sob o nº 42.396 e na OAB/RJ sob o nº 261.557. A Dra. Juliana é especialista em Direito Ambiental e trouxe contribuições relevantes sobre o tema, com base em sua experiência na área.
O que são Contratos Agrários?
Os contratos agrários são a base fundamental para a exploração rural, delineando os acordos legais que regulam a utilização da terra.
Mais do que meros documentos, eles estabelecem os fundamentos para a posse ou uso de imóveis rurais, possibilitando o crescimento de atividades agrícolas e pecuárias.
Em um cenário onde a colaboração no campo se intensifica, os contratos agrários emergem como ferramentas essenciais, proporcionando segurança jurídica e clareza nas relações entre proprietários e exploradores.
Regidos pelo Estatuto da Terra e pelo Decreto n.º 59.566/66, esses instrumentos legais garantem que os acordos sejam justos e transparentes, minimizando riscos e promovendo um ambiente de confiança para o desenvolvimento do agronegócio.
O Código Civil e a Lei de Locações (Lei nº 8.245/1991) também são importantes fundamentos legislativos complementares na regulamentação em alguns casos desse tipo de contrato.
Confira nosso artigo sobre Usucapião Rural: Como funciona e quais são os requisitos?
Tipos de Contratos Agrários
A seguir, exploramos os principais tipos de contratos agrários utilizados nas relações rurais e suas aplicações práticas:
Contrato de condomínio rural
No contrato de condomínio rural, dois ou mais produtores rurais se unem para explorar uma mesma propriedade e dividir os custos, riscos e lucros da atividade agrícola.
O condomínio rural deve ser registrado e possui uma Inscrição no Registro de Imóveis (RI), garantindo segurança jurídica aos envolvidos.
Contrato de arrendamento rural
No arrendamento rural, o proprietário cede o uso de um imóvel rural (total ou parcial) a outra pessoa, chamada de arrendatário, por um período determinado ou indeterminado. Em troca, o arrendatário paga um valor fixo, conhecido como aluguel.
É importante destacar que os riscos da atividade rural são de responsabilidade exclusiva do arrendatário, enquanto o proprietário recebe apenas o valor combinado, independentemente do faturamento obtido.
Contrato de comodato rural
O comodato rural é um contrato de empréstimo gratuito de uma propriedade rural. Nesse caso, o proprietário cede o uso da terra sem cobrar qualquer valor, sendo comum entre familiares ou pessoas de confiança.

Contrato de parceria rural
No contrato de parceria rural, o proprietário cede o uso da terra para o plantio, mas não a propriedade. Diferente do arrendamento, aqui os riscos da atividade rural são divididos entre as partes.
O lucro obtido com a produção também é compartilhado, conforme acordado no contrato. Esse tipo de contrato é comum quando há interesse mútuo em investir na produção agrícola.
Para saber mais sobre contratos confira nosso artigo sobre Contratos Descomplicados
Arrendamento vs. comodato rural
Segundo a advogada Juliana Cadore, a principal diferença entre o comodato rural e o arrendamento está no aspecto econômico: enquanto no comodato não há pagamento de aluguel pelo uso da terra, no arrendamento o uso é condicionado ao pagamento de um valor previamente estipulado.
Ambos os contratos, no entanto, não devem ser confundidos com a parceria rural, que possui características próprias.
Ainda de acordo com a especialista, os conflitos mais comuns envolvem o inadimplemento contratual.
Como o objeto do contrato é justamente o uso da terra para a produção — que, por sua vez, é fonte de renda para o usuário —, o índice de inadimplência costuma ser baixo. Quando ocorre, geralmente leva à rescisão contratual imediata.

Cláusulas Essenciais em Contratos Agrários
Os contratos agrários seguem princípios estabelecidos pela Constituição Federal e por legislações específicas, como o Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/64) e o Decreto-lei nº 59.566/66, que visam garantir o cumprimento da função social da propriedade rural.
Segundo o artigo 186 da Constituição Federal, a função social da propriedade rural é cumprida quando são atendidos quatro requisitos essenciais:
- Aproveitamento racional e adequado;
- Utilização adequada dos recursos naturais e preservação do meio ambiente;
- Observância das normas que regulam as relações de trabalho;
- Exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
Tais requisitos devem ser refletidos nas cláusulas dos contratos agrários, que precisam ser claras, detalhadas e alinhadas às normas legais.
Por isso, destacamos as cláusulas essenciais que não podem faltar nos seus contratos agrários:
- Aproveitamento Racional e Adequado
O contrato deve garantir que a terra seja utilizada de forma racional e produtiva, conforme estabelecido pela legislação agrária;
Isso inclui a definição das atividades a serem desenvolvidas (como cultivo, pecuária ou reflorestamento) e a obrigação de manter a produtividade da terra, evitando práticas que possam degradar o solo ou comprometer sua capacidade de produção;
- Preservação do Meio Ambiente
É fundamental que o contrato inclua cláusulas que assegurem a proteção dos recursos naturais, como água, solo e vegetação. O uso de técnicas sustentáveis e o cumprimento das normas ambientais devem ser obrigações claras para quem explora a terra;
- Respeito às Relações de Trabalho
Embora os contratos agrários não estabeleçam vínculos empregatícios entre as partes, é essencial que eles respeitem as normas trabalhistas;
- Bem-Estar dos Envolvidos
O contrato deve promover o bem-estar tanto dos proprietários quanto dos arrendatários ou parceiros, garantindo condições justas e equilibradas para ambas as partes;
- Direitos e Obrigações das Partes
O contrato deve detalhar os direitos e obrigações de cada parte, como o pagamento de valores (no caso de arrendamento ou parceria), a manutenção da terra e a divisão de riscos e lucros;
- Condições de Rescisão e Renovação
É importante definir as condições para rescisão ou renovação do contrato, incluindo prazos, notificações prévias e eventuais multas por descumprimento.
Nesse sentido, a advogada Juliana Cadore pontua como cláusula indispensável a previsão de como será feito o pagamento em caso de rescisão contratual, especialmente nos casos em que ainda não se procedeu à colheita da produção.
A ausência dessa definição pode gerar conflitos sobre a indenização dos investimentos realizados e sobre a titularidade dos frutos ainda não colhidos.
Orientação Jurídica: Como Advogados Auxiliam na Elaboração de Contratos Agrários
Uma das primeiras atuações do advogado, nesse contexto, é justamente orientar o cliente na elaboração dos contratos agrários.
É essencial garantir que esses contratos estejam conforme a legislação vigente e tragam cláusulas claras sobre percentuais de participação, permissões, valores e demais detalhes importantes.
Também é indispensável definir o tipo de contrato utilizado, conforme as especificidades da relação firmada.
Além das cláusulas obrigatórias, o contrato precisa estar completo: deve conter a qualificação completa das partes envolvidas, a descrição detalhada da área rural, o tipo de parceria e o prazo de duração.
Outro ponto que precisa ser debatido com o cliente é a partilha dos frutos ou lucros da produção, que costuma ser uma das maiores fontes de conflito quando não está bem definida desde o início.
Para facilitar esse trabalho, o advogado pode contar com a ferramenta da Jurídico AI, que oferece pareceres jurídicos voltados à análise contratual. Essa ferramenta ajuda a identificar se o contrato está adequado às exigências legais, além de otimizar o tempo da rotina jurídica.
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Na elaboração de contratos agrários, a precisão e a segurança jurídica são fundamentais para evitar conflitos e garantir que todas as partes envolvidas tenham seus direitos e obrigações claramente definidos.
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Nossa plataforma permite que você escolha o tipo de contrato (arrendamento, parceria, comodato, etc.), insira os dados relevantes, como informações das partes, prazo de vigência, valores e condições específicas, e gere um contrato seguro e personalizado, adaptado às suas necessidades e conforme a legislação agrária.
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O que são contratos agrários?
Contratos agrários são instrumentos legais fundamentais que regulam as relações de posse ou uso de imóveis rurais para a exploração de atividades agrícolas e pecuárias, estabelecendo os acordos entre proprietários e exploradores, garantindo segurança jurídica e clareza nas relações.
Quais são os principais tipos de contratos agrários existentes?
Os principais tipos são:
– Contrato de condomínio rural (união de produtores para exploração conjunta);
– Contrato de arrendamento rural (cessão de uso mediante pagamento fixo);
– Contrato de comodato rural (empréstimo gratuito da terra);
– Contrato de parceria rural (cessão de uso com divisão de riscos e lucros).
Qual é a principal legislação que regula os contratos agrários no Brasil?
Os contratos agrários são regidos principalmente pelo Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/64) e pelo Decreto nº 59.566/66. O Código Civil e a Lei de Locações (Lei nº 8.245/91) também podem ser aplicados de forma complementar em alguns casos.
Quais são as cláusulas essenciais que não podem faltar em um contrato agrário?
As cláusulas essenciais incluem:
– Garantia de aproveitamento racional e adequado da terra;
– Preservação do meio ambiente;
– Respeito às relações de trabalho;
– Promoção do bem-estar dos envolvidos;
– Detalhamento dos direitos e obrigações das partes;
– Definição das condições de rescisão e renovação do contrato.
Como os advogados podem orientar seus clientes na elaboração de contratos agrários?
Os advogados orientam na elaboração de contratos conforme a legislação vigente, com cláusulas claras sobre percentuais de participação, permissões, valores e outros detalhes importantes, definindo o tipo de contrato adequado à relação e abordando a partilha de frutos ou lucros da produção.
Qual a principal diferença entre o contrato de arrendamento rural e o contrato de comodato rural?
A principal diferença reside no aspecto econômico: no arrendamento rural há o pagamento de um aluguel pelo uso da terra, enquanto no comodato o uso é gratuito.
Quais os conflitos mais comuns envolvendo contratos agrários?
Os conflitos mais comuns envolvem o inadimplemento contratual, que geralmente leva à rescisão imediata do contrato, e a ausência de definição clara sobre o pagamento em caso de rescisão antes da colheita, gerando disputas sobre indenizações e titularidade dos frutos.
De que forma a Constituição Federal influencia as cláusulas dos contratos agrários?
Através do artigo 186, CF, que estabelece os requisitos para o cumprimento da função social da propriedade rural (aproveitamento racional, uso adequado dos recursos naturais, respeito às leis trabalhistas e bem-estar dos envolvidos), princípios que devem ser refletidos nas cláusulas dos contratos agrários.
Além das cláusulas essenciais, que outros elementos são importantes em um contrato agrário?
Além das cláusulas essenciais, é importante que o contrato contenha a qualificação completa das partes envolvidas, a descrição detalhada da área rural, o tipo de parceria estabelecida e o prazo de duração do contrato.
Como a ferramenta Jurídico AI pode auxiliar na elaboração de contratos agrários?
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