No exercício da advocacia, uma petição bem fundamentada faz toda a diferença na percepção do julgador. Entre os elementos que garantem a clareza e a persuasão do documento, as citações de jurisprudência e artigos de lei se destacam como ferramentas essenciais para sustentar os argumentos.
Nesse artigo, vamos tratar sobre o papel da jurisprudência em petições, como formatar jurisprudência corretamente, estratégias para otimizar o texto e exemplos práticos de referência a decisões judiciais.
Fique até o final e descubra como tornar suas peças mais objetivas, organizadas e persuasivas, sem perder a fundamentação jurídica.
Qual o papel das citações de jurisprudências na petição?
As citações cumprem um papel central dentro de qualquer petição, seja ela inicial, contestação ou recurso.
Elas funcionam como colunas de sustentação do raciocínio jurídico: de um lado, fortalecem o argumento com base normativa ou jurisprudencial; de outro, servem como um canal de comunicação direta com o julgador, mostrando que a tese apresentada não é apenas uma opinião isolada do advogado.
Por isso, não basta simplesmente “jogar” a citação no corpo do texto. Quando mal posicionada ou mal formatada, ela pode prejudicar a fluidez da leitura.
O julgador, diante de um processo repleto de informações, precisa encontrar clareza e objetividade. Uma citação mal organizada pode ter efeito contrário e se transformar em barreira, em vez de ser um apoio.
Assim, o papel da citação é duplo: conferir legitimidade ao argumento jurídico e facilitar a comunicação com quem decide o processo.
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Aspectos técnicos: Como formatar jurisprudência e artigos de lei
No campo técnico, o ponto de partida é a padronização. Uma petição com formatação irregular – cada citação em um tamanho, fonte ou estilo diferente – transmite descuido e dificulta a leitura.
Por isso, antes de pensar no conteúdo em si, o advogado deve se preocupar em manter a uniformidade visual em todo o documento.
As regras mais comuns são as seguintes:
- Citação direta curta (até três linhas): deve ser incorporada dentro do parágrafo, entre aspas, sem necessidade de recuo. É a forma mais discreta e mantém a fluidez da leitura.
- Citação direta longa (mais de três linhas): deve ser destacada em bloco, com recuo moderado e fonte levemente menor. Nesse caso, não se usam aspas nem itálico. O próprio recuo já indica que se trata de uma citação.
- Itálico: não é marca de citação. Ele pode ser usado apenas para dar ênfase ou destaque em palavras específicas, mas não deve ser aplicado em todo o trecho citado.
Outro detalhe muitas vezes negligenciado é a escolha da fonte. Imagine um texto inteiro em Verdana 13, mas com a citação em Calibri 12: o contraste visual é imediato e gera desconforto.
O ideal é que todo o documento utilize a mesma fonte, mudando apenas o tamanho nas citações longas.
O recuo também merece atenção. Muitos advogados exageram nesse ponto e acabam criando verdadeiros “buracos” no texto, o que prejudica a organização visual. Um recuo de cerca de 4 cm da margem esquerda costuma ser suficiente para destacar a citação sem ocupar espaço em excesso.
Essas escolhas técnicas, embora pareçam detalhes, fazem toda a diferença.

Como usar citações para prender a atenção do leitor
Mais do que respeitar normas técnicas, é fundamental pensar na eficiência da citação. Um erro comum é transcrever páginas inteiras de jurisprudência, deixando o texto denso e difícil de ler.
A questão central é: o trecho citado será realmente lido e compreendido pelo julgador? Se a resposta for não, todo o esforço técnico perde parte de seu valor.
Seleção de trechos essenciais
Ao invés de incluir o julgado completo, é mais eficaz destacar apenas o ponto que interessa ao argumento.
Por exemplo, se o tema é a dispensa do pedido administrativo prévio, não há necessidade de transcrever todos os detalhes do processo; basta mostrar a decisão relevante que consolida esse entendimento.
Supressão de trechos
Quando houver necessidade de reduzir blocos longos, pode-se aplicar a supressão, usando os três pontos entre colchetes ou parênteses. É importante, porém, não retirar partes que contradigam a tese defendida, pois isso caracterizaria má-fé.
Citação indireta
Outra alternativa estratégica é a citação indireta. Nesse caso, o advogado resume o entendimento do tribunal com suas próprias palavras, mantendo a referência entre parênteses ou nota de rodapé. Exemplo:
“O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento de que não é necessário o pedido administrativo prévio para a propositura da ação (STF, RE XXXXX/2021).”
A citação indireta reduz o volume de texto, deixa o conteúdo mais evidente e facilita a retenção da informação pelo leitor, sem perder a legitimidade da referência.
Uso de notas de rodapé ou de fim
Para não interromper o fluxo da leitura, o advogado também pode colocar a referência completa em nota de rodapé ou de fim.
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Erros mais comuns ao citar jurisprudências
Mesmo advogados experientes frequentemente cometem equívocos ao inserir citações em petições. Muitos desses erros são simples de evitar, mas têm impacto direto na clareza do texto e na percepção de profissionalismo.
Uso indevido de aspas
Um erro recorrente é colocar aspas em citações longas, ou seja, aquelas fora do corpo do parágrafo e com mais de três linhas. Segundo padrões técnicos, aspas são adequadas apenas para citações curtas dentro do texto.
Aplicação indevida de itálico
O itálico deve ser reservado apenas para destaques específicos, como palavras ou termos que merecem ênfase dentro do parágrafo, e nunca aplicado indiscriminadamente a todo o trecho citado.
Recuos exagerados
Citações com recuo muito grande criam “buracos” no texto, prejudicando a leitura e aumentando o espaço ocupado no documento.
Diferenças de fonte e tamanho
Misturar fontes e tamanhos diferentes entre corpo do texto e citações gera desconforto visual.
Citações longas e irrelevantes
Blocos extensos de jurisprudência, que ocupam páginas inteiras, tendem a não serem lidos com atenção.
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Como citar jurisprudência na petição: Passo a passo
Depois de entender a importância das citações para fortalecer seu argumento e organizar a comunicação com o julgador, é hora de ver, na prática, como inserir jurisprudência corretamente em sua petição.
Seguir um passo a passo garante que a referência seja clara, objetiva e juridicamente consistente.
1. Referência ao tribunal e número do processo
O primeiro passo é identificar corretamente a decisão que você quer citar. Sempre informe:
- O tribunal responsável;
- O número do processo;
- O relator;
- O órgão julgador;
- A data do julgamento.
Exemplo: STJ, REsp 0.000.000/SP, Rel. Min. Ana Pereira, 3ª Turma, julgado em 00/00/0000, DJe 00/00/0000. Essa referência completa permite que qualquer leitor ou julgador localize facilmente a decisão, conferindo transparência e credibilidade à sua petição.
2. Transcrição do trecho relevante da decisão
Não é necessário copiar a decisão inteira. O ideal é selecionar apenas o trecho que sustenta diretamente seu argumento. Isso evita blocos longos que dificultam a leitura e mantém a objetividade da peça.
Exemplo: “É pacífico o entendimento deste Superior Tribunal de Justiça de que, em contratos de adesão, cláusulas abusivas podem ser revistas pelo Judiciário, ainda que expressamente aceitas pelas partes contratantes.”
3. Contextualização da jurisprudência
Após citar o trecho relevante, explique por que ele é aplicável ao seu caso. Essa contextualização transforma a citação em um argumento persuasivo, evitando que fique desconexa ou meramente decorativa.
Exemplo: No caso em análise, a cláusula contratual questionada apresenta características abusivas semelhantes às discutidas no julgado, reforçando a necessidade de revisão judicial do contrato.
4. Atualização da jurisprudência
Certifique-se de que a decisão esteja atualizada e em conformidade com o entendimento atual do tribunal. Jurisprudências antigas podem não refletir a interpretação vigente e, portanto, devem ser usadas com cautela.
Sempre dê preferência a decisões recentes, confirmadas em recursos repetitivos ou com repercussão geral, quando aplicável.
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Como a Jurídico AI simplifica esse processo
Apesar de parecerem trabalhosas, ferramentas como a Jurídico AI tornam a elaboração de petições muito mais prática e eficiente.
A plataforma gera peças jurídicas automatizadas com base nos dados fornecidos pelo advogado, incluindo a inserção de jurisprudências de forma estratégica.
Com isso, quando a petição é entregue, as citações já vêm estruturadas e formatadas corretamente, poupando o advogado do trabalho de ajustar manualmente fontes, recuos ou estrutura do texto.
Dessa forma, é possível economizar tempo e focar na estratégia e na escolha dos argumentos, garantindo uma peça clara, organizada e persuasiva, sem perder a precisão jurídica.
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Como citar jurisprudência no corpo do texto?
A citação no corpo do texto pode ser direta curta (até três linhas), incorporada no parágrafo entre aspas, sem recuo, ou direta longa (mais de três linhas), destacada em bloco com recuo moderado e fonte menor. Evite usar aspas ou itálico em citações longas.
Como citar jurisprudência na petição?
Informe tribunal, número do processo, relator, órgão julgador e data do julgamento. Transcreva apenas o trecho relevante e contextualize dentro do seu argumento.
Como citar sentença de primeiro grau em petição?
O mesmo procedimento das demais citações: mencionar tribunal, número do processo, relator, órgão julgador, data e transcrever apenas o trecho relevante. É importante contextualizar a decisão para mostrar sua aplicação ao caso.
O que é citação direta curta e longa?
Curta: até três linhas, dentro do parágrafo, entre aspas.
Longa: mais de três linhas, destacada em bloco, com recuo e fonte menor, sem aspas ou itálico.
Quando usar citação indireta?
Quando se deseja resumir o entendimento do tribunal com suas próprias palavras, mantendo a referência entre parênteses ou nota de rodapé. Isso facilita a leitura sem perder a legitimidade da referência.
Qual a importância da formatação das citações?
Uniformidade de fonte, tamanho e recuo melhora a leitura, transmite profissionalismo e evita que o julgador se canse com blocos extensos de texto. Recuo recomendado: cerca de 4 cm; corpo do texto 12 e citações longas 10.
Como reduzir o volume de páginas sem perder conteúdo?
Selecione apenas os trechos essenciais da jurisprudência, utilize supressão de trechos com três pontos entre colchetes ou parênteses e, se necessário, use citações indiretas ou notas de rodapé para manter o fluxo do texto limpo.
Quais erros mais comuns ao citar jurisprudência?
Uso indevido de aspas em citações longas;
Aplicação incorreta de itálico;
Recuos exagerados;
Diferenças de fonte e tamanho;
Inclusão de citações longas e irrelevantes que dificultam a leitura.
Como notas de rodapé ou de fim ajudam na citação?
Permitem que o corpo do texto permaneça limpo, destacando apenas o trecho relevante, enquanto o leitor/julgador pode consultar a referência completa se desejar.