TST: Recuperação judicial não garante concessão de Justiça gratuita

27 nov, 2025
TST Recuperação judicial não garante Justiça Gratuita.

A análise recente do Tribunal Superior do Trabalho reforça que a recuperação judicial, isoladamente, não autoriza o deferimento da justiça gratuita para pessoas jurídicas

Diante disso, a decisão, fundamentada na Súmula 463, II, do TST, esclarece que a concessão do benefício exige prova robusta da incapacidade financeira, afastando teses que buscavam vincular automaticamente a recuperação judicial ao estado de hipossuficiência. 

Continue a leitura do artigo para saber mais sobre essa decisão!

JuridicoAI - Escreva peças processuais em minutos

Por que a recuperação judicial não é suficiente para garantir justiça gratuita à pessoa jurídica?

A recuperação judicial indica uma situação de crise, mas não traduz, por si só, impossibilidade de arcar com despesas processuais

O TST reafirmou que, conforme a Súmula 463, II, pessoas jurídicas precisam demonstrar de forma concreta e documental a incapacidade financeira.

O entendimento se baseia na premissa de que muitas empresas em recuperação judicial continuam operando, gerando receitas e efetuando pagamentos que podem evidenciar capacidade de custear despesas moderadas, como custas processuais. 

Dessa forma, a Corte busca evitar que o instituto da justiça gratuita seja utilizado sem critérios objetivos.

A decisão menciona expressamente que não existe presunção de hipossuficiência decorrente do deferimento da recuperação, pois a análise deve sempre recair sobre dados contábeis, demonstrações financeiras, fluxo de caixa, documentos fiscais e outras evidências que apontem a impossibilidade efetiva de custear o processo.

Guia para Advogados: Como recuperar valores na liquidação do Banco Master

Súmula 463, II, do TST: O que é exigido para concessão da justiça gratuita à pessoa jurídica?

A Súmula 463, II, do TST determina que não basta a mera declaração, sendo necessária a demonstração cabal da impossibilidade de arcar com as despesas processuais

Ou seja, a pessoa jurídica deve comprovar:

  • Insuficiência econômica real, demonstrada por documentos contábeis e financeiros.
  • Ausência de fluxo de caixa suficiente para custas e despesas processuais.
  • Inexistência de patrimônio disponível para suportar os custos.
  • Relatórios financeiros atualizados, capazes de traduzir o estado econômico de forma inequívoca.

O TST reforça que essa exigência decorre do objetivo de proteger a gratuidade de justiça de usos indiscriminados, evitando a banalização do benefício e preservando o equilíbrio processual.

Liquidação Extrajudicial: Guia completo para entender o procedimento

Como o TST avaliou o caso que gerou essa decisão?

A pessoa jurídica do caso que gerou essa decisão, alegou possuir dívidas superiores a R$ 100 milhões e sustentou que sua crise era agravada por fatores como pandemia, rebaixamento e passivo tributário elevado. 

Entretanto, o TST concluiu que os documentos apresentados não eram suficientes para comprovar incapacidade absoluta de custear as despesas do processo.

O Tribunal Regional havia concedido a gratuidade apenas com base na recuperação judicial, sem análise aprofundada dos documentos financeiros. 

Ao revisar a decisão, o TST destacou que:

  • não foi comprovado de forma inequívoca o estado de hipossuficiência;
  • a recuperação judicial não dispensa prova efetiva da incapacidade econômica;
  • a decisão contrariava a jurisprudência dominante consolidada na Súmula 463, II do Tribunal.

Dessa forma, o agravo foi rejeitado e a justiça gratuita afastada, mantendo-se a deserção identificada no recurso. Confira:

AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. JUSTIÇA GRATUITA. PESSOA JURÍDICA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. INSUFICIÊNCIA DE PROVA DA HIPOSSUFICIÊNCIA. SÚMULA Nº 463, II, DO TST. Não basta a simples existência de recuperação judicial para o deferimento dos benefícios da justiça gratuita à pessoa jurídica, sendo imprescindível a demonstração inequívoca da impossibilidade de arcar com as despesas processuais, nos termos do item II da Súmula nº 463 do TST. Mantida a decisão agravada que afastou o benefício por ausência de prova cabal da hipossuficiência econômica. Agravo a que se nega provimento. 

Leia o Acórdão completo aqui!

A recuperação judicial reduz automaticamente encargos processuais e depósitos recursais?

A legislação prevê que empresas em recuperação judicial estão dispensadas do depósito recursal, conforme art. 899, §10, da CLT. Contudo:

  • a dispensa do depósito recursal não implica concessão automática da justiça gratuita;
  • a isenção não abrange custas processuais, que continuam sujeitas à comprovação de hipossuficiência.

Isso significa que, embora exista um benefício específico para empresas em recuperação, a gratuidade de justiça possui critérios próprios e mais rigorosos.

Quais documentos são aceitos como prova da hipossuficiência da pessoa jurídica?

A demonstração inequívoca da incapacidade financeira deve ser feita por:

  • Balanços e demonstrativos contábeis recentes;
  • DRE e fluxo de caixa atualizado;
  • Declarações de auditoria independente;
  • Relatórios financeiros apresentados na recuperação judicial;
  • Comprovantes de ausência de liquidez imediata;
  • Dados que evidenciem impossibilidade atual de pagamento das custas.

A jurisprudência exige que o conjunto documental seja consistente, atual e capaz de demonstrar efetivamente o estado econômico que impede o pagamento das despesas.

TST Recuperacão judicial não garante concessão de Justiça gratuita.

Quais são os impactos dessa decisão para empresas em litígios trabalhistas?

A decisão cria parâmetros mais claros para empresas em crise que pretendem pleitear justiça gratuita no âmbito trabalhista. Os efeitos principais incluem:

  • Aumento da responsabilidade documental: a empresa deve realizar demonstração detalhada de sua incapacidade.
  • Impossibilidade de concessão automática: a recuperação judicial deixa de ser elemento suficiente para obter a gratuidade.
  • Risco de deserção: sem prova robusta da hipossuficiência, o recurso pode ser considerado deserto por ausência de pagamento das custas.
  • Alinhamento com a jurisprudência contemporânea: a decisão reforça o entendimento reiterado em casos semelhantes julgados pela 3ª Turma do TST.

O que essa decisão representa para advogados e departamentos jurídicos?

Para a advocacia empresarial e para áreas jurídicas internas, a decisão sinaliza a importância de:

  • reunir documentação financeira completa antes de pleitear justiça gratuita;
  • avaliar o impacto da recuperação judicial na gestão de litígios;
  • construir argumentação técnica baseada na Súmula 463, II do TST, e nos precedentes recentes;
  • evitar pedidos genéricos que possam resultar em deserção do recurso.

O entendimento consolida a necessidade de prova substancial, tornando imprescindível o acompanhamento de indicadores financeiros e de relatórios apresentados nos autos de recuperação judicial.

Qual é a conclusão central fixada pelo julgamento?

O TST reafirmou que a recuperação judicial não se equipara à prova de hipossuficiência econômica, sendo fundamental a apresentação de documentos que comprovem de forma inequívoca a impossibilidade de arcar com custos processuais.

A decisão reforça a tese de que:

  • a justiça gratuita para pessoa jurídica possui critérios objetivos;
  • o benefício não pode ser concedido com base em presunções;
  • a análise deve ser individualizada e respaldada por documentação contábil.

O caso que gerou essa decisão exemplifica a aplicação direta da Súmula 463, II do TST, e consolida a interpretação de que a recuperação judicial, isolada, não atende ao requisito legal exigido para o benefício.Leia também nosso artigo sobre Como consultar jurisprudência no STJ e encontrar precedentes superiores

JuridicoAI - Escreva peças processuais em minutos

A recuperação judicial por si só garante o direito à justiça gratuita para minha cliente pessoa jurídica?

Não. O TST é claro ao estabelecer que a mera existência de recuperação judicial não é suficiente para deferir a justiça gratuita. É necessário comprovar documentalmente a incapacidade financeira efetiva de arcar com as despesas processuais, conforme exige a Súmula 463, II, do TST. 

A recuperação indica crise, mas não necessariamente impossibilidade absoluta de custear o processo.

Quais documentos devo juntar ao processo para comprovar a hipossuficiência da pessoa jurídica?

É fundamental apresentar documentação robusta e atualizada: 

Balanços patrimoniais recentes;
DRE (Demonstração do Resultado do Exercício);
Fluxo de caixa detalhado;
Declarações de auditoria independente;
Relatórios financeiros da recuperação judicial e 
Comprovantes que evidenciem ausência de liquidez imediata. 

O conjunto documental deve demonstrar de forma inequívoca a impossibilidade atual de pagamento das custas processuais.

Minha cliente está dispensada do depósito recursal por estar em recuperação judicial. Isso não garante também a isenção de custas?

Não. São institutos distintos. O art. 899, §10, da CLT dispensa empresas em recuperação judicial do depósito recursal, mas isso não implica concessão automática da justiça gratuita. 
As custas processuais continuam sujeitas à comprovação rigorosa da hipossuficiência econômica nos termos da Súmula 463, II, do TST.

O que acontece se eu requerer justiça gratuita sem prova suficiente da incapacidade financeira?

O risco principal é a deserção do recurso. Se a justiça gratuita for indeferida por ausência de prova cabal da hipossuficiência e as custas não forem recolhidas no prazo legal, o recurso será considerado deserto e não será conhecido. 
Por isso, é essencial reunir toda a documentação necessária antes de formular o pedido.

Como devo estruturar o pedido de justiça gratuita para pessoa jurídica em recuperação judicial?

Estruture o pedido com fundamentação técnica baseada na Súmula 463, II, do TST, apresentando: 

(1) Petição detalhada explicando a situação financeira atual; 
(2) Conjunto documental completo e atualizado que comprove a incapacidade econômica;
(3) Análise individualizada demonstrando que a empresa não possui recursos disponíveis para custear o processo; 
(4) Evite argumentação genérica baseada apenas na existência da recuperação judicial. A prova documental consistente é determinante para o deferimento do benefício.

Redija peças de qualidade em poucos minutos com IA

Petições e peças ricas em qualidade

IA 100% treinada na legislação, doutrina e jurisprudência

Milhares de usuários já utilizam Juridico AI

Teste grátis

Sobre o autor

Micaela Sanches

Micaela Sanches

Bacharel em Direito, com especializações em Comunicação e Jornalismo, além de Direito Ambiental e Direito Administrativo. Graduanda em Publicidade e Propaganda, uma das minhas paixões. Amo escrever e aprender sobre diversos assuntos.

Redija peças de qualidade em poucos minutos com IA

Petições e peças ricas em qualidade

IA 100% treinada na legislação, doutrina e jurisprudência

Milhares de usuários já utilizam Juridico AI

Teste grátis

A IA já está transformando o Direito, e você?

Assine nossa newsletter e receba novidades antes de todo mundo.