Liberdade Provisória: Confira os Requisitos, Tipos e Atuação do Advogado

8 abr, 2025
Uma advogada e seu cliente em audiência para requerer a liberdade provisória.

A liberdade provisória é um direito concedido ao investigado ou réu que, mesmo preso em flagrante, pode responder ao processo em liberdade

Prevista no Código de Processo Penal (CPP), a medida garante o equilíbrio entre a necessidade de restrição da liberdade e a presunção de inocência.

Neste artigo, abordamos os principais aspectos da liberdade provisória, incluindo seus requisitos, fundamentos legais e a atuação do advogado para garantir esse direito ao seu cliente. Confira!

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Requisitos para a concessão da Liberdade Provisória

Liberdade provisória é a concessão da liberdade ao preso em flagrante antes da conclusão do processo, desde que não estejam presentes os requisitos da prisão preventiva.

A liberdade provisória pode ser concedida com ou sem fiança, conforme o artigo 321 do CPP, e depende da ausência dos requisitos para a prisão preventiva.

Os principais requisitos para sua concessão são:

  • Ausência de periculosidade do agente.
  • Não reincidência em crime doloso.
  • Baixa gravidade do delito (sem violência ou grave ameaça).
  • Garantia da ordem pública e econômica.
  • Ausência de risco à aplicação da lei penal.

Se não houver fundamentos para a preventiva, a liberdade provisória deve ser concedida.

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Tipos de Liberdade Provisória

A liberdade provisória é um instituto do Direito Processual Penal que permite ao acusado responder ao processo em liberdade, desde que atendidos os requisitos legais. 

Veja a seguir quais são as principais modalidades:

Liberdade Provisória com Fiança

A fiança é um valor pecuniário prestado pelo acusado para garantir sua liberdade enquanto responde ao processo, podendo ser arbitrada pelo delegado de polícia ou pelo juiz, conforme a pena máxima prevista para o crime. 

As regras estão dispostas nos artigos 321 a 350 do CPP.

Principais aspectos:

  • O valor da fiança varia conforme a gravidade do crime e a condição econômica do acusado.
  • O valor pago pode ser utilizado para custear despesas processuais e eventuais indenizações à vítima, caso o acusado seja condenado.
  • O descumprimento das condições impostas pode resultar na perda do valor depositado e na decretação da prisão preventiva.

Liberdade Provisória sem Fiança

A liberdade provisória sem fiança ocorre quando a prisão preventiva não é necessária e o crime cometido é de menor gravidade ou quando o acusado não possui condições financeiras para pagar a fiança.

Principais aspectos:

  • Prevista no artigo 350 do CPP, que autoriza a concessão da liberdade sem fiança sempre que o juiz considerar adequado.
  • Frequentemente aplicada em casos de infrações de menor potencial ofensivo.
  • Pode ser concedida em situações onde a fiança seria exigível, mas o acusado demonstra hipossuficiência econômica.
  • Não impede a imposição de outras medidas cautelares.

Liberdade Provisória com Medidas Cautelares

Com a reforma trazida pela Lei 12.403/2011, o juiz pode conceder a liberdade provisória impondo medidas cautelares diversas da prisão, conforme previsto no artigo 319 do CPP. 

Essas medidas têm o objetivo de garantir o andamento regular do processo sem a necessidade de manter o acusado preso.

Principais medidas cautelares:

  • Comparecimento periódico em juízo para informar e justificar suas atividades.
  • Proibição de contato com vítimas ou testemunhas, evitando influência no processo.
  • Proibição de frequentar determinados lugares, como o local do crime.
  • Recolhimento domiciliar em horários específicos, como período noturno ou fins de semana.
  • Monitoramento eletrônico, com uso de tornozeleira eletrônica para controle de deslocamento.
  • Suspensão do exercício de função pública ou atividade econômica relacionada ao crime praticado.

O descumprimento dessas medidas pode resultar na revogação da liberdade provisória e na decretação da prisão preventiva do acusado.

A escolha entre fiança, medidas cautelares ou simples liberação sem fiança depende da gravidade do crime, dos antecedentes do acusado e do risco que ele representa para a sociedade e para o andamento do processo. 

Assim, o sistema busca equilibrar a garantia dos direitos individuais com a segurança jurídica e o interesse público.

Atuação do Advogado na Liberdade Provisória

A defesa deve agir rapidamente para garantir a soltura do cliente, adotando estratégias que demonstrem a inexistência de requisitos para a manutenção da prisão. 

A atuação do advogado envolve:

Análise do Auto de Prisão em Flagrante

O advogado deve verificar irregularidades na abordagem policial e no flagrante, como:

  • Falta de justa causa para a prisão.
  • Violação de direitos do preso.
  • Flagrante forjado ou ilegal.

Se houver ilegalidade, deve-se requerer o relaxamento da prisão imediatamente.

Pedido de Liberdade Provisória

Caso a prisão seja legal, o advogado deve demonstrar que não há fundamentos para a preventiva e requerer a liberdade provisória com ou sem fiança.

Principais argumentos para o pedido:

  • Réu primário e bons antecedentes;
  • Endereço fixo e ocupação lícita;
  • Crime sem violência ou grave ameaça;
  • Ausência de risco à ordem pública, à instrução criminal e à aplicação da lei penal.

Solicitação de Medidas Cautelares Alternativas

Se houver resistência à soltura sem restrições, a defesa pode sugerir medidas cautelares previstas no artigo 319 do CPP para evitar a conversão da prisão em preventiva.

Recurso em Caso de Indeferimento

Se a liberdade for negada, a defesa pode:

  • Impetrar habeas corpus para garantir a liberdade do acusado.
  • Recorrer da decisão ao tribunal competente.
  • Reiterar o pedido em razão de novos fatos ou mudança da situação do acusado.
Uma juíza concedeu ao réu a liberdade provisória.

Dicas práticas para advogados na defesa da Liberdade Provisória

A atuação do advogado(a) na obtenção da liberdade provisória exige conhecimento técnico, estratégia e rapidez na condução do pedido. 

Para garantir maior eficácia na defesa do cliente, seguem algumas dicas práticas:

Atuação Imediata no Flagrante

  • Compareça à delegacia assim que tomar conhecimento da prisão.
  • Verifique se os direitos do preso estão sendo respeitados, como a comunicação à família e o direito ao silêncio.
  • Solicite acesso ao Auto de Prisão em Flagrante (APF) para identificar eventuais irregularidades.

Análise Minuciosa dos Requisitos da Prisão Preventiva

  • Avalie se há fundamento real para a conversão da prisão em preventiva.
  • Se os requisitos não estiverem presentes, requeira a liberdade provisória de forma fundamentada.
  • Caso haja fundamento, negocie medidas cautelares alternativas com o juiz.

Elaboração de Pedido de Liberdade Provisória Bem Fundamentado

  • Inclua jurisprudência atualizada para embasar o pedido.
  • Destaque a primariedade do réu, residência fixa e atividade lícita, quando aplicável.
  • Argumente com base no princípio da presunção de inocência e na excepcionalidade da prisão preventiva.

Utilização de Medidas Cautelares como Estratégia

  • Quando houver resistência à concessão da liberdade provisória, proponha medidas cautelares como alternativa.
  • Indique medidas específicas adequadas ao caso concreto, como monitoramento eletrônico ou comparecimento periódico em juízo.

Impugnação de Decisões Desfavoráveis

  • Caso o pedido de liberdade seja negado, impetre habeas corpus imediatamente.
  • Utilize argumentos sólidos e demonstre a desproporcionalidade da prisão.
  • Se necessário, recorra ao Tribunal de Justiça ou Tribunais Superiores.

Acompanhamento do Processo e Atualização da Defesa

  • Fique atento às mudanças na situação do réu e reitere pedidos quando necessário.
  • Caso surjam novas provas favoráveis, peticione ao juízo para revisar a decisão.
  • Mantenha comunicação constante com o cliente e sua família para alinhar expectativas e estratégias.

Com uma atuação diligente e técnica, o advogado(a) pode aumentar significativamente as chances de obter a liberdade provisória para seu cliente, garantindo que seus direitos sejam respeitados e evitando prisões desnecessárias.

A importância do advogado(a) na defesa da Liberdade Provisória

A liberdade provisória é um direito fundamental no processo penal e deve ser concedida sempre que não houver requisitos para a prisão preventiva

O advogado desempenha um papel essencial na defesa da liberdade do cliente, garantindo que o princípio da presunção de inocência seja respeitado.

Com argumentação técnica e atuação estratégica, a defesa pode evitar a manutenção desnecessária do acusado no cárcere, assegurando uma resposta penal justa e proporcional. 

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Perguntas frequentes

O que é liberdade provisória?

A liberdade provisória é um direito concedido ao investigado ou réu que, mesmo preso em flagrante, pode responder ao processo em liberdade. 

Está prevista no Código de Processo Penal (CPP) e representa um equilíbrio entre a necessidade de restrição da liberdade e o princípio constitucional da presunção de inocência. 

Quais são os requisitos fundamentais para a concessão da liberdade provisória?

Os requisitos fundamentais para a concessão da liberdade provisória são:

  • Ausência de periculosidade do agente;
  • Não reincidência em crime doloso;
  • Baixa gravidade do delito (preferencialmente sem violência ou grave ameaça);
  • Garantia da ordem pública e econômica;
  • Ausência de risco à aplicação da lei penal;
  • Ausência dos requisitos para decretação da prisão preventiva (art. 312 do CPP).

A liberdade provisória deve ser concedida sempre que não estiverem presentes os fundamentos que justificariam a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva.

Quais são os principais tipos de liberdade provisória previstos na legislação brasileira?

A legislação brasileira prevê três principais modalidades de liberdade provisória:

  • Liberdade Provisória com Fiança: exige o pagamento de um valor como garantia, podendo ser arbitrada pelo delegado de polícia ou pelo juiz, conforme a pena máxima prevista para o crime (arts. 322 e seguintes do CPP).
  • Liberdade Provisória sem Fiança: ocorre quando a prisão preventiva não é necessária e o crime cometido é de menor gravidade, ou quando o acusado não possui condições financeiras para pagar a fiança (art. 350 do CPP).
  • Liberdade Provisória com Medidas Cautelares: introduzida pela Lei 12.403/2011, permite ao juiz conceder a liberdade impondo medidas cautelares diversas da prisão, como monitoramento eletrônico, proibição de contato com a vítima e comparecimento periódico em juízo (art. 319 do CPP).
Como deve ser a atuação do advogado no primeiro momento após a prisão em flagrante?

A atuação do advogado deve ser imediata após a prisão em flagrante, envolvendo:

  • Comparecer à delegacia assim que tomar conhecimento da prisão;
  • Verificar se os direitos fundamentais do preso estão sendo respeitados (comunicação à família, direito ao silêncio, integridade física);
  • Solicitar acesso ao Auto de Prisão em Flagrante (APF) para identificar irregularidades na abordagem ou no procedimento;
  • Verificar a tipificação legal feita pela autoridade policial;
  • Analisar a possibilidade de arbitramento de fiança pelo delegado;
  • Iniciar a coleta de documentos que comprovem residência fixa, trabalho lícito e bons antecedentes.

Uma atuação rápida pode evitar a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, aumentando as chances de obtenção da liberdade provisória.

Como o advogado deve elaborar um pedido de liberdade provisória eficaz?

Um pedido de liberdade provisória eficaz deve conter:

  • Análise detalhada do caso concreto, destacando a ausência dos requisitos para a prisão preventiva;
  • Fundamentação jurídica sólida, com citação de jurisprudência atualizada e pertinente;
  • Destaque para a primariedade do réu, residência fixa e atividade lícita, quando aplicável;
  • Argumentação baseada no princípio da presunção de inocência e na excepcionalidade da prisão preventiva;
  • Comprovação documental de todos os fatos alegados (comprovante de residência, contrato de trabalho, certidões de antecedentes);
  • Solicitação subsidiária de medidas cautelares alternativas, caso o juiz entenda que há necessidade de alguma cautela
  • Pedido claro e objetivo, facilitando a compreensão do magistrado sobre o pleito

O pedido deve ser tecnicamente preciso, mas também estratégico, antecipando possíveis resistências do juízo e apresentando contrapontos.

Como o advogado deve proceder se o pedido de liberdade provisória for indeferido?

Se o pedido de liberdade provisória for indeferido, o advogado deve:

  • Analisar detalhadamente a fundamentação da decisão para identificar pontos vulneráveis;
  • Impetrar habeas corpus imediatamente, destacando a ausência dos requisitos para a prisão preventiva;
  • Utilizar argumentos sólidos e demonstrar a desproporcionalidade da prisão
  • Recorrer ao Tribunal de Justiça, caso o habeas corpus seja negado em primeira instância;
  • Continuar a impugnação nos Tribunais Superiores, se necessário (STJ e STF);
  • Ficar atento a mudanças na situação fática que possam justificar novos pedidos;
  • Reiterar o pedido de liberdade provisória se surgirem novas provas ou argumentos favoráveis;

É importante manter uma postura combativa, sem desistir após a primeira negativa, explorando todas as vias recursais disponíveis.

Em quais casos a fiança não pode ser concedida segundo a legislação brasileira?

Segundo o artigo 323 do CPP, a fiança não será concedida nos seguintes casos:

  • Nos crimes de racismo;
  • Nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos definidos como crimes hediondos;
  • Nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.

Adicionalmente, o artigo 324 do CPP estabelece que a fiança não será concedida:

  • Aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida;
  • Em caso de prisão por mandado do juiz do cível, do militar, ou da autoridade administrativa;
  • Quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva;
  • Aos reincidentes em crimes dolosos com sentença condenatória transitada em julgado.

Nestes casos, o advogado precisa concentrar sua argumentação na ausência dos requisitos da prisão preventiva.

Como o advogado deve proceder quando o cliente não tem condições financeiras de pagar a fiança?

Quando o cliente não tem condições financeiras de pagar a fiança, o advogado deve:

  • Requerer a liberdade provisória sem fiança, com base no artigo 350 do CPP, que permite a dispensa da fiança quando o acusado comprova ser economicamente hipossuficiente;
  • Apresentar documentos que comprovem a situação de pobreza do cliente (declaração de hipossuficiência, comprovantes de renda, etc.);
  • Requerer o parcelamento do valor da fiança, de acordo com a possibilidade financeira do cliente;
  • Em casos mais graves, considerar a possibilidade de impetrar habeas corpus argumentando que a manutenção da prisão exclusivamente por impossibilidade de pagamento da fiança viola o princípio da isonomia;
  • Sugerir a aplicação de medidas cautelares alternativas em substituição à fiança.

O advogado(a) deve demonstrar que a falta de recursos financeiros não pode ser fator determinante para manter alguém preso.

Quais estratégias o advogado pode utilizar para acompanhar o processo após a concessão da liberdade provisória?

Após a concessão da liberdade provisória, o advogado deve:

  • Manter comunicação constante com o cliente, garantindo que ele compreenda todas as condições impostas;
  • Orientar o cliente sobre a importância do cumprimento rigoroso das medidas cautelares impostas;
  • Acompanhar de perto os prazos processuais para evitar revogação da liberdade por ausência em audiências;
  • Ficar atento às mudanças na situação do cliente que possam justificar a flexibilização das medidas cautelares;
  • Requerer, quando oportuno, a substituição de medidas mais gravosas por outras menos intensas;
  • Monitorar o andamento do inquérito ou processo, intervindo sempre que necessário;
  • Preparar continuamente a defesa de mérito, não se limitando apenas à questão da liberdade;
  • Antecipar possíveis problemas e tomar medidas preventivas para evitar a revogação da liberdade provisória;

O acompanhamento diligente do processo após a concessão da liberdade provisória é fundamental para evitar retrocessos e garantir o melhor resultado possível para o cliente.

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Sobre o autor

Micaela Sanches

Micaela Sanches

Bacharel em Direito, com especializações em Comunicação e Jornalismo, além de Direito Ambiental e Direito Administrativo. Graduanda em Publicidade e Propaganda, uma das minhas paixões. Amo escrever e aprender sobre diversos assuntos.

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