Atuação de advogados em ações de auxílio-doença e como montar petições

17 jul, 2025

O auxílio-doença é um dos benefícios mais judicializados na prática previdenciária. Para o advogado, atuar com eficiência exige mais do que protocolar a petição: é preciso dominar a estrutura da peça, apresentar provas técnicas consistentes, formular pedidos estratégicos e conduzir bem o processo, desde o indeferimento até a perícia e eventual recurso.

Neste artigo, você irá aprender como estruturar uma petição inicial de auxílio-doença com base sólida, como pedir a tutela antecipada com chances reais de deferimento e como identificar situações que permitem a conversão em aposentadoria por invalidez tudo com o apoio da Jurídico AI, que gera peças completas com qualidade técnica e agilidade.

Quando é cabível o auxílio-doença 

O auxílio-doença, atualmente chamado de benefício por incapacidade temporária, é garantido ao segurado que está impossibilitado de exercer sua atividade habitual por motivo de doença ou acidente

Sua previsão está no art. 59 da Lei 8.213/91

Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

Os requisitos principais são:

  • Incapacidade temporária para o trabalho ou atividade habitual;
  • Qualidade de segurado no momento do requerimento;
  • Carência de 12 contribuições mensais, salvo exceções previstas em lei.

Atenção prática do advogado:

Nem todos os casos exigem carência. Há dispensa da carência nos seguintes cenários:

  • Acidente de qualquer natureza (inclusive doméstico ou de trajeto);
  • Doenças profissionais ou do trabalho;
  • Doenças graves previstas em lista oficial (como neoplasias malignas, tuberculose ativa, esclerose múltipla, entre outras).

A ação pode ser proposta diretamente, mesmo sem pedido administrativo prévio?

Como regra geral, o pedido administrativo prévio ao INSS é obrigatório antes de se ingressar com ação judicial visando benefícios previdenciários, como o auxílio-doença. 

Essa exigência está consolidada na jurisprudência dos tribunais superiores e é aplicada, principalmente, nos Juizados Especiais Federais (JEFs).

É importante notar que, com a digitalização dos serviços, a recusa do INSS em receber um pedido inicial é menos comum hoje, já que grande parte dos requerimentos é feita de forma online

Contudo, a ausência de resposta ou a demora excessiva na análise do processo administrativo continuam sendo as principais razões que justificam o ajuizamento direto da ação judicial.

Quando a ação pode ser proposta:

  • Quando o INSS se recusa a receber o pedido ou não dá resposta dentro do prazo legal (60 dias);
  • Quando há omissão administrativa ou erro material, como análise de benefício diverso do solicitado;
  • Quando o benefício foi anteriormente cessado e o segurado busca a revisão ou restabelecimento (ex: cessação indevida de auxílio-doença).

Vale ressaltar que o prazo legal para análise do pedido administrativo é de 30 dias, prorrogáveis por mais 30, totalizando 60 dias. No entanto, o INSS pode justificar a prorrogação desse prazo por mais 30 dias, chegando a um total de 90 dias

Independentemente da justificativa, a inércia administrativa que ultrapassa o razoável pode fundamentar o acesso direto ao judiciário;

  • A urgência da situação (ex: risco à vida ou subsistência);
  • A omissão do INSS;
  • Ou a existência de pedido anterior relacionado ao mesmo objeto.

Confira nosso artigo sobre Como evitar erros em uma Petição Inicial usando IA ?

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O que não pode faltar na petição inicial de auxílio-doença?

A petição inicial de auxílio-doença é uma das peças mais comuns no dia a dia do advogado previdenciário, mas também uma das mais indeferidas quando não é bem fundamentada.

Para garantir êxito na ação, é fundamental que a petição seja estrategicamente estruturada, com provas robustas, pedidos claros e base jurídica adequada à situação do cliente.

Uma petição inicial bem feita é o primeiro passo para garantir o êxito na concessão do benefício. 

Mais do que preencher requisitos formais, o advogado precisa construir uma narrativa técnica e convincente, com base nas provas e na realidade funcional do cliente.

Veja os elementos essenciais que não podem faltar na peça:

  1. Estrutura jurídica da petição
  • Endereçamento adequado (Juizado Especial Federal ou Vara Previdenciária Federal);
  • Qualificação completa das partes;
  • Síntese fática clara e cronológica, contextualizando a incapacidade e o histórico de afastamentos;
  • Exposição da incapacidade com base em relatórios e exames;
  • Fundamentação jurídica precisa, citando o art. 59 da Lei 8.213/91, a CF/88 e jurisprudência atual;
  • Pedidos objetivos e compatíveis com a situação do cliente;
  • Valor da causa adequado à soma das parcelas devidas (em regra, até 60 salários-mínimos nos JEFs);
  • Protesto por provas, especialmente perícia médica judicial.
  1. Documentos indispensáveis
  • Atestados médicos com CID, assinatura, CRM, carimbo e período estimado de afastamento;
  • Relatórios médicos detalhados (preferencialmente emitidos por especialistas);
  • Exames complementares que comprovem a patologia ou limitação funcional;
  • CNIS atualizado (para análise da qualidade de segurado e carência);
  • Comunicações ou decisões do INSS (ex: carta de indeferimento ou cessação);
  • Documentos pessoais e comprovante de residência.

Como o advogado pode atuar com eficiência em casos de auxílio-doença

Atuar com eficiência não é apenas protocolar a petição: é antecipar obstáculos, organizar provas desde o início e aproveitar bem o tempo e as ferramentas disponíveis

Um atendimento previdenciário eficiente entrega resultado, gera confiança e melhora a rentabilidade do escritório. Veja os pilares de uma atuação eficaz:

Comece com uma triagem técnica bem feita:

  • Verifique a qualidade de segurado, carência e contribuições recentes no CNIS;
  • Avalie se a doença está entre as que dispensam carência;
  • Peça desde o início relatórios médicos bem fundamentados e exames complementares.

Ferramentas como a Jurídico AI permitem ao advogado gerar, com o uso de inteligência artificial, petições completas em poucos minutos, com:

  • Estrutura jurídica organizada e atualizada;
  • Teses jurídicas já alinhadas ao tipo de ação;
  • Jurisprudência recente por tribunal;
  • Campos otimizados para personalização estratégica.

A plataforma cria a peça com uso de IA treinada no ordenamento brasileiro, seja para requerimento administrativo ou ação judicial de concessão e até de revisão de benefício previdenciário.

Assim, o advogado pode atuar com mais agilidade em todas as fases da entrada no INSS à demanda judicial, mantendo qualidade técnica, padrão de linguagem e economia de tempo.

Atue de forma ativa na fase pericial

A perícia médica é decisiva. Por isso, o advogado deve:

  • Elaborar quesitos técnicos claros e objetivos;
  • Garantir que a incapacidade esteja bem documentada e descrita na petição;
  • Orientar o cliente sobre como relatar suas limitações de forma sincera e técnica durante a perícia.

Em muitos casos, a boa atuação pré-pericial evita indeferimentos por “falta de provas”.

Crie fluxos padronizados para peças repetitivas:

Tenha um roteiro interno para a equipe seguir na elaboração de ações de auxílio-doença:

  • Coleta e análise de documentos;
  • Verificação de requisitos legais;
  • Geração da minuta com IA;
  • Checklist de revisão final.

Checklist rápida do que revisar antes de protocolar

  • O histórico de incapacidade foi bem descrito?
  • A documentação médica está completa e atual?
  • Os fundamentos jurídicos se conectam aos fatos do caso?
  • O pedido de tutela está justificado?
  • Há pedido expresso de perícia médica judicial?

Isso garante consistência, velocidade e qualidade, mesmo com equipe reduzida.

 É possível pedir tutela de urgência no auxílio-doença? E como aumentar as chances com um bom pedido

Sim, é possível e muitas vezes essencial. A tutela de urgência pode ser requerida para obrigar o INSS a implantar o benefício antes da sentença, especialmente quando o segurado está sem renda e em situação de vulnerabilidade.

Mas para que o juiz defira o pedido, é preciso apresentar provas robustas e uma fundamentação bem alinhada com os requisitos legais

Quais são os requisitos?

De acordo com o art. 300 do CPC, o advogado deve demonstrar:

  • Probabilidade do direito: ou seja, que há indícios sólidos de que o segurado tem direito ao benefício (com base nos documentos médicos e demais provas);
  • Perigo de dano irreparável ou de difícil reparação: como o fato de o cliente estar sem renda, doente e sem condições de se manter até o final do processo.

O que aumenta as chances de concessão?

1. Documentação médica completa e clara
Inclua na inicial:

  • Atestados com CID, tempo de afastamento e descrição da limitação funcional;
  • Exames e relatórios recentes, preferencialmente emitidos por especialistas;
  • Laudos com termos objetivos que indiquem a incapacidade para o trabalho.

2. Fundamentação jurídica bem feita
No pedido de tutela, destaque:

  • O caráter alimentar do benefício;
  • O risco social envolvido na demora da prestação jurisdicional;
  • A ausência de outra fonte de renda do segurado.

3. Provas da situação econômica do cliente
Incluir extratos bancários, comprovantes de despesas, ou qualquer documento que demonstre a urgência da situação reforça o “perigo de dano”.

Exemplo prático de pedido de tutela antecipada:

“Estando presentes os requisitos do art. 300 do CPC, requer-se a concessão de tutela de urgência para determinar ao INSS a imediata implantação do benefício de auxílio-doença, diante da robusta documentação médica acostada e da situação de hipossuficiência da parte autora, atualmente sem qualquer fonte de subsistência.”

Com um pedido bem estruturado, é possível conquistar a tutela mesmo antes da perícia judicial, o que alivia a situação do cliente e valoriza o trabalho do advogado.

Se você utiliza a Jurídico AI, pode gerar petições com pedido de tutela já fundamentado e adaptado ao perfil do caso, economizando tempo e mantendo padrão técnico elevado.

Quando transformar o pedido de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez?

 Nem todo caso de auxílio-doença permanece como incapacidade temporária. 

Em muitas situações, o laudo pericial revela que a incapacidade é permanente e sem possibilidade de reabilitação, cenário em que o advogado deve pedir a conversão do benefício em aposentadoria por invalidez (hoje chamada de aposentadoria por incapacidade permanente).

Como identificar esse momento?

  • O perito judicial afirma que a incapacidade é total e permanente;
  • Há laudo indicando inaptidão para qualquer atividade laboral, mesmo com reabilitação;
  • O cliente é de idade avançada, com baixa escolaridade e histórico de trabalho braçal, o que inviabiliza reinserção no mercado.

O que fazer na prática?

Se a petição inicial foi apenas para auxílio-doença, o advogado pode:

  • Requerer a conversão do pedido nos autos, com base no princípio da fungibilidade;
  • Apresentar manifestação após a perícia judicial, com base no laudo, requerendo expressamente a aposentadoria por incapacidade permanente;
  • Adequar os pedidos e complementar com novos fundamentos, se necessário.

 A jurisprudência permite a conversão do pedido quando os fatos forem apurados no curso do processo, sem necessidade de nova ação.

O segurado portador de enfermidade que o incapacita temporariamente para a atividade laborativa tem direito ao benefício de auxílio-doença, convertido em aposentadoria por invalidez a partir da data em que a prova produzida demonstra a superveniência de incapacidade total definitiva para todo e qualquer trabalho, sem possibilidade de recuperação .

(TRF-4 – AC: 50046320520234049999 RS, Relator.: OSCAR VALENTE CARDOSO, Data de Julgamento: 23/05/2023, 10ª Turma).

Portanto, no caso, deve ser restabelecido o auxílio-doença e convertido o benefício para aposentadoria por invalidez, desde a data da cessação do benefício anterior, tendo em vista a comprovação, por perícia médica judicial, que a incapacidade laboral da autora é total e permanente, sem possibilidade de reabilitação. 5 . Não se aplica o art. 85, § 11, do CPC ao caso dos autos, tendo em vista o que foi decidido no Tema 1.059/STJ. 6 . Apelação da autora provida, para reformar em parte a sentença e determinar ao INSS a conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez desde a data da cessação do benefício anterior.

(TRF-1 – APELAÇÃO CIVEL: 10320284320224019999, Relator.: DESEMBARGADOR FEDERAL RUI COSTA GONCALVES, Data de Julgamento: 08/05/2024, SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: PJe 08/05/2024 PAG PJe 08/05/2024 PAG).

O que fazer se o auxílio-doença for negado na sentença ou se o INSS recorrer?

Mesmo com boa petição inicial e provas robustas, o juiz pode negar o benefício ou o INSS pode recorrer mesmo após sentença favorável. 

Por isso, é essencial que o advogado esteja preparado para atuar nas fases seguintes com agilidade e estratégia.

Se o benefício for negado:

  • Analise cuidadosamente o laudo pericial judicial: muitas vezes, a negativa vem da interpretação do juiz sobre o laudo.
  • Verifique se houve erro na fundamentação da sentença (ex: ignorar documentos ou aplicar exigência indevida).
  • Avalie a viabilidade de Apelação, sustentando:
    • Divergência entre o laudo e a conclusão do juiz;
    • Subvalorização da prova médica e social;
    • Ofensa ao princípio do in dubio pro misero.

Se o INSS recorrer mesmo com sentença favorável:

  • Apresente contrarrazões de apelação de forma técnica, defendendo:
  • A validade do laudo pericial;
  • A adequação da fundamentação da sentença;
  • A presença de todos os requisitos legais já reconhecidos.

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Quais documentos são indispensáveis na petição inicial de auxílio-doença?

Atestados médicos com CID, CRM e tempo de afastamento, exames complementares, relatório médico detalhado, CNIS atualizado e eventual carta de indeferimento do INSS são documentos essenciais para fundamentar o pedido.

 É possível pedir tutela de urgência em ações de auxílio-doença?

Sim. A tutela de urgência pode ser concedida quando há provas suficientes da incapacidade e risco social na demora. O advogado deve fundamentar com base no art. 300 do CPC e anexar documentação médica robusta.

O que fazer se o perito judicial concluir que a incapacidade é permanente?

Nesses casos, o advogado pode requerer a conversão do pedido de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez (hoje chamada de aposentadoria por incapacidade permanente), com base na fungibilidade e na evolução do quadro clínico.

Como estruturar uma petição de auxílio-doença de forma estratégica?

A petição deve conter: qualificação das partes, narrativa dos fatos com linha do tempo da incapacidade, provas médicas detalhadas, fundamentos jurídicos claros, pedido de tutela, perícia e valor da causa adequado.

A ação pode ser proposta diretamente, mesmo sem pedido administrativo prévio?

Via de regra, é necessário o prévio requerimento administrativo. Porém, em casos de omissão ou demora excessiva do INSS, a jurisprudência permite o ingresso direto da ação judicial.

Qual o melhor momento para pedir a conversão do benefício em aposentadoria?

O pedido pode ser feito após a perícia judicial, se o laudo apontar incapacidade total e permanente. O ideal é manifestar-se nos autos logo após a juntada do laudo, com fundamento jurídico e pedido de adequação da tutela.

 A Jurídico AI pode ajudar na elaboração dessas petições?

Sim. A Jurídico AI gera petições personalizadas com base no tipo de benefício, estrutura jurídica adequada, jurisprudência recente e pedidos prontos para revisão. Isso acelera a produção e mantém alto padrão técnico.

Como elaborar quesitos eficazes para a perícia médica judicial?

O advogado deve formular quesitos claros, objetivos e alinhados à tese da petição. Perguntas como: “A incapacidade é total ou parcial?”, “A atividade habitual pode ser exercida?”, ou “Há possibilidade de reabilitação profissional?” ajudam a guiar a análise do perito. Evite perguntas genéricas ou muito técnicas sem propósito estratégico.

É possível cumular pedido de auxílio-doença com outros benefícios?

Em regra, o auxílio-doença não pode ser cumulado com benefício de aposentadoria, por exemplo. Mas o advogado pode, dentro da petição, fazer pedido subsidiário — como a concessão de auxílio-acidente caso o perito conclua por sequela parcial após o fim da incapacidade. Isso amplia as chances de resultado útil ao cliente.

O que fazer quando o INSS alega ausência de qualidade de segurado?

O advogado deve analisar com atenção o CNIS e buscar comprovar:
Recolhimentos recentes;
Situação de desemprego com manutenção da qualidade (art. 15 da Lei 8.213/91);
Contribuições como MEI, facultativo ou empregador rural;
Período de graça ampliado por situação especial (ex: serviço militar, prisão, desemprego involuntário).

Em alguns casos, o uso de provas documentais e testemunhais pode ser necessário para comprovar vínculo informal e afastar a alegação do INSS.

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Sobre o autor

Carlos Silva

Carlos Silva

Graduando em Direito, com expertise na elaboração de peças processuais, sólido conhecimento em Direito Civil e atuação como pesquisador na área de Direito Digital.

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